Bruno Covas, adversário de Bolsonaro, anuncia cloroquina no tratamento do coronavírus em São Paulo

Na “Guerra da Cloroquina”, entre tucanos e Bolsonaro, quem se ferra são os infectados pelo coronavírus.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (9) que a Secretaria Municipal da Saúde vai incluir a cloroquina como uma das formas de tratamento para o coronavírus nos hospitais municipais. No entanto, lembrou que o uso da substância só é autorizado para pacientes internados e sob duas condições, quando houver prescrição do médico e desde que o uso seja autorizado formalmente pelo paciente ou por sua família.

Os tucanos paulistas disputam a “paternidade” do uso da cloroquina no tratamento da Covid-10. Nesta quarta (8), por exemplo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse em coletiva que foi o coordenador Centro de Contingência ao Coronavírus de São Paulo, David Uip, que indicou o uso de cloroquina ao ministro da Saúde, Luiz Henrique.

Ato contínuo, ontem mesmo, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) xingou de “canalha” o governador de São Paulo.

“Canalha! Mil vezes canalha! O senhor não tem o mínimo de senso de escrúpulo! Não tem vergonha na cara, governador”, escreveu o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defende que a ideia para o uso do medicamento partiu do próprio governo federal.

Indiferente ao “pai” ou a “mãe” da ideia, Covas disse que determinou o tratamento de mil infectados na cidade de São Paulo.

“Já determinei à Secretaria de Saúde para que ela possa adquirir mais desse material. Temos hoje 6 mil cápsulas à disposição. Como cada paciente precisa de seis, já temos medicamentos para tratar mil pessoas que estejam internadas”, disse o prefeito.

Economia

“Ainda não é possível ser uma política pública porque não temos ainda pesquisas concluídas [sobre a eficiência do medicamento]. Mas havendo prescrição do médico e a concordância do paciente, a secretaria passou a integrar esse medicamento no protocolo de atendimento da covid-19”, disse Covas.

Na “Guerra da Cloroquina”, entre tucanos e Bolsonaro, quem se ferra são os infectados pelo coronavírus.

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Infectologista
Ontem (8), em entrevista coletiva, o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, disse que o uso da cloroquina deve ser feito com muito cuidado, já que se trata de um medicamento com efeitos colaterais.

“A cloroquina está indicada para pacientes internados, desde que prescrita pelos médicos com aceite formal assinado pelo paciente. Temos enorme experiência com a cloroquina. Ela é usada há muitos anos no tratamento da malária. É uma droga importante, mas com efeitos colaterais, não desprezíveis. Ela deve ser utilizada sob prescrição e observação médica”, disse Uip, ressaltando que sua eficiência ainda não foi comprovada cientificamente.

Uip criticou o presidente Bolsonaro, que questionou nas redes sociais se o infectologista da equipe de Doria havia tomado a medicação.

“Presidente, eu respeitei o seu direito de não revelar seu diagnóstico, respeite o direito de não revelar meu tratamento. A minha privacidade foi invadida. A privacidade da minha clínica foi invadida. Tomarei as providências legais adequadas para a invasão da minha privacidade e dos meus pacientes”, respondeu.

Também ontem (8), o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, disse que São Paulo já recebeu 200 mil comprimidos de cloroquina, que estão sendo distribuídos para uso nos hospitais públicos.

Com informações da Agência Brasil