Brilhante Ustra, herói de Bolsonaro, ‘institucionalizou’ a tortura no Brasil


O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebeu nesta quinta (8) no Palácio do Planalto, para um almoço, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi(Destacamento de Operações de Informação), em São Paulo, órgão de repressão do Exército na ditadura militar.

Em 2008, Brilhante Ustra tornou-se o primeiro militar condenado pela Justiça pela prática de tortura durante a ditadura militar.

A homenagem de Bolsonaro ao torturador é uma afronta à democracia e à memória das vítimas e familiares do regime autoritário, instalado com o golpe militar ocorrido em 1964. É também uma sinalização política de seu governo para coesionar sua base de apoio na extrema-direita.

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O coronel Brilhante Ustra institucionalizou a prática da tortura nas Forças Armadas, como método principal de combate aos opositores da ditadura. Ele chefiou o chamado “porão” do regime, dirigindo o trabalho sujo, como espancamentos, choques elétricos, afogamentos, violações de mulheres, sequestros de familiares e até de crianças, a simulação de tiroteios e atropelamentos de militantes para ocultar assassinatos nas dependências do DOI-Codi.

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No DOI-Codi de São Paulo, foram mortos cerca de 60 pessoas oficialmente e torturadas mais de 500 pessoas, segundo levantamento da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da ditadura.

Nas décadas de 1990 e 2000, Ustra foi processado várias vezes por ocultar cadáveres, especialmente em valas comuns do cemitério de Perus, na capital paulista.

Em 2008, a Justiça o reconheceu como torturador. Ele morreu em 2015, aos 83 anos, vítima de uma pneumonia e de falência múltipla de órgãos.