Brasileiros concorrem a prêmio de direitos humanos do Parlamento Europeu

Mural em homenagem a Marielle Franco, no Rio de Janeiro.
A ex-vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada em março do ano passado no Rio de Janeiro, o líder Caiapó Raoni, o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL) e a defensora da Amazônia Claudelice Silva dos Santos estão na lista de indicados ao Prêmio Sakharov 2019 de direitos humanos, oferecido pelo Parlamento Europeu. Os nomes foram confirmados nesta quinta-feira (19) por vários grupos políticos da Casa.

Na primeira edição do prêmio após as eleições de maio, que resultaram em um Parlamento mais fragmentado, os nomes revelados pelas bancadas concentram o foco no Brasil, assim como na China, na Rússia e no Quênia. O russo Alexei Navalny, principal opositor ao presidente Vladimir Putin, também concorre à prestigiada distinção europeia.

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O prêmio, criado em 1998 em homenagem ao cientista soviético dissidente Andrei Sakharov, reconhece os defensores dos direitos humanos e da liberdade de consciência. A candidatura que aparece com mais força é a defendida pelos grupos de esquerda da Casa.

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Os socialdemocratas e a bancada de esquerda radical apresentaram as candidaturas de três ativistas do Brasil: o líder indígena Raoni, a ex-vereadora carioca Marielle Franco, assassinada ao lado do motorista Anderson Gomes, e a ativista paraense Claudelice Silva dos Santos, defensora da Amazônia.

Para a esquerda radical, que confirmou à AFP a candidatura dos três ativistas, “Marielle Franco, Claudelice Silva dos Santos e o líder Raoni são símbolos de resistência contra as violações dos direitos humanos no Brasil”. “Desde que o novo regime assumiu o poder em janeiro, o governo de [Jair] Bolsonaro estabeleceu um clima de temor para vários defensores dos direitos humanos”, afirmou em um comunicado a eurodeputada socialdemocrata Kati Piri.

Lula também era candidato
O Brasil também era a opção do eurodeputado de esquerda francês Emmanuel Maurel, que ficou muito perto de conseguir os 40 votos de parlamentares necessários para seu candidato: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula se ajustava completamente ao espírito do Prêmio Sakharov”, disse Maurel à AFP, destacando o contexto no Brasil, “sua exemplar ação política” e “sua situação atual, na qual foi vítima de uma conspiração política”.

Já o Partido Popular Europeu (PPE, direita) propôs o nome de Navalny, um ano depois de o prêmio ter sido concedido ao diretor de cinema ucraniano Oleg Sentsov. O cineasta foi solto recentemente, após cinco anos de prisão na Rússia.

Os liberais apresentaram a candidatura do intelectual uigur Ilham Tohti, condenado à prisão perpétua na China, enquanto o grupo Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) indicou cinco adolescentes do Quênia que criaram um aplicativo que ajuda meninas vítimas de mutilação genital.

Desde 1988, o Parlamento Europeu concede o prêmio, dotado de € 50.000, a algumas associações e a personalidades como Nelson Mandela (1988), Malala Youfsafzai (2013), ou Aung San Suu Kyi (1990).

Em 2017, opositores venezuelanos receberam a distinção, a quinta ocasião em que o Sakharov foi concedido à América Latina, depois das Mães da Praça de Maio (Argentina, 1992) e dos dissidentes cubanos Guillermo Fariñas (2010), a associação Damas de Branco (2005) e Oswaldo Payá (2002).

No dia 30 de setembro, ocorrerá a apresentação oficial dos candidatos durante uma reunião das comissões de Relações Exteriores, do Desenvolvimento e da subcomissão dos direitos humanos. O Parlamento Europeu anunciará em 8 de outubro os três finalistas do prêmio Sakharov. O vencedor será revelado no dia 24 do mesmo mês.

As informações são da RFI.