Na primeira edição do prêmio após as eleições de maio, que resultaram em um Parlamento mais fragmentado, os nomes revelados pelas bancadas concentram o foco no Brasil, assim como na China, na Rússia e no Quênia. O russo Alexei Navalny, principal opositor ao presidente Vladimir Putin, também concorre à prestigiada distinção europeia.
LEIA TAMBÉM:
França: Mélenchon, como Lula, é alvo de perseguição judicial
Intercept: Bolsonaro tem diabólico plano de destruição da Floresta Amazônica
“Bolsonaro deveria trabalhar mais e tuitar menos”, dispara Doria
O prêmio, criado em 1998 em homenagem ao cientista soviético dissidente Andrei Sakharov, reconhece os defensores dos direitos humanos e da liberdade de consciência. A candidatura que aparece com mais força é a defendida pelos grupos de esquerda da Casa.
Os socialdemocratas e a bancada de esquerda radical apresentaram as candidaturas de três ativistas do Brasil: o líder indígena Raoni, a ex-vereadora carioca Marielle Franco, assassinada ao lado do motorista Anderson Gomes, e a ativista paraense Claudelice Silva dos Santos, defensora da Amazônia.
Para a esquerda radical, que confirmou à AFP a candidatura dos três ativistas, “Marielle Franco, Claudelice Silva dos Santos e o líder Raoni são símbolos de resistência contra as violações dos direitos humanos no Brasil”. “Desde que o novo regime assumiu o poder em janeiro, o governo de [Jair] Bolsonaro estabeleceu um clima de temor para vários defensores dos direitos humanos”, afirmou em um comunicado a eurodeputada socialdemocrata Kati Piri.
Lula também era candidato
O Brasil também era a opção do eurodeputado de esquerda francês Emmanuel Maurel, que ficou muito perto de conseguir os 40 votos de parlamentares necessários para seu candidato: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula se ajustava completamente ao espírito do Prêmio Sakharov”, disse Maurel à AFP, destacando o contexto no Brasil, “sua exemplar ação política” e “sua situação atual, na qual foi vítima de uma conspiração política”.
Já o Partido Popular Europeu (PPE, direita) propôs o nome de Navalny, um ano depois de o prêmio ter sido concedido ao diretor de cinema ucraniano Oleg Sentsov. O cineasta foi solto recentemente, após cinco anos de prisão na Rússia.
Os liberais apresentaram a candidatura do intelectual uigur Ilham Tohti, condenado à prisão perpétua na China, enquanto o grupo Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) indicou cinco adolescentes do Quênia que criaram um aplicativo que ajuda meninas vítimas de mutilação genital.
Desde 1988, o Parlamento Europeu concede o prêmio, dotado de € 50.000, a algumas associações e a personalidades como Nelson Mandela (1988), Malala Youfsafzai (2013), ou Aung San Suu Kyi (1990).
Em 2017, opositores venezuelanos receberam a distinção, a quinta ocasião em que o Sakharov foi concedido à América Latina, depois das Mães da Praça de Maio (Argentina, 1992) e dos dissidentes cubanos Guillermo Fariñas (2010), a associação Damas de Branco (2005) e Oswaldo Payá (2002).
No dia 30 de setembro, ocorrerá a apresentação oficial dos candidatos durante uma reunião das comissões de Relações Exteriores, do Desenvolvimento e da subcomissão dos direitos humanos. O Parlamento Europeu anunciará em 8 de outubro os três finalistas do prêmio Sakharov. O vencedor será revelado no dia 24 do mesmo mês.
As informações são da RFI.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.