- Trabalhador brasileiro é “roubado” em R$ 4.230,69 todo mês, órgão de pesquisa
Brasileiro cultiva o mito do pacato cidadão ao deixar se semiescravizar. Na semana que passou, a Câmara confirmou o salário mínimo em R$ 1.100, enquanto o respeitabilíssimo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) afirmava que o salário mínimo no Brasil deveria ser de mais de R$ 5.330.
O verbo “semiescravizar” usado pelo Blog do Esmael, neste texto, tem o sentido de ativar a consciência contra uma degradação vivida no mundo do trabalho. Até 1888, os senhores dos escravos proviam sua mão de obra forçada com alimento e moradia. Hoje, pelo contrário, as ruas estão acolhendo cada vez mais pessoas, família inteiras, que perderam a perspectiva. Não sabem onde dormir ou comer. Trabalhar nem passa pela cabeça porque emprego não há.
Segundo o Dieese, o valor ideal do piso nacional deveria ser de R$ 5.330,69 no mês de abril deste ano. O salário mínimo pago atualmente, ou seja, de R$ 1.100 está muito abaixo do que deveria ser. Sendo assim, um piso de R$ 5.330,69 é mais de 4 vezes maior do que o atual piso pago em 2021.
Se o salário mínimo pago ao brasileiro é de apenas R$ 1.100, se presume que “alguém” está subtraindo R$ 4.230,69 do trabalhador todo santo mês –tirando o valor necessário para sustentar uma família de quatro pessoas. Em um ano, o trabalhador é surrupiado em R$ 50.768,28 –independentemente de ter carteira assinada ou não.
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Devido ao emprego da violência, denunciado pelo verbo “semiescravizar”, pode-se afirmar que há um “furto mediante fraude” continuado no País. Crime continuado, portanto, que justificaria até uma revolução.
A semiescravização foi institucionalizada no Brasil com o recrudescimento do projeto neoliberal, a partir do golpe de 2016, que precarizou a mão de obra com a reforma trabalhista e fulminou conquistas sociais como o direito à aposentadoria, bem como outros serviços públicos essenciais foram aviltados.
O que choca não é apenas a pacificidade do cidadão brasileiro, mas a desfaçatez da burguesia e de seus mandaletes. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, burlou o teto remuneratório constitucional para aumentar em até 69% o seu próprio salário e o de aliados.
A Constituição estabelece que a remuneração máxima para cargos públicos e pensões não pode exceder o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje em R$ 39.293,32. Mas, Bolsonaro editou uma regra autorizando uma parcela privilegiada de servidores a receber mais de R$ 66 mil. Entre os beneficiados estão o próprio Bolsonaro, ministros e militares.
Por trás da acusação de genocídio, que a mídia faz contra Bolsonaro, há uma cumplicidade de classe com a semiescravidão no País.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.