Brasil x Argentina vira caso de CPI nas vésperas da manifestação pró-golpe

Nas vésperas da manifestação pró-golpe, no 7 de setembro, a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina virou caso da CPI da Covid no Senado.

A comissão de investigação quer investigar a não realização da partida entre Brasil e Argentina neste domingo (5), na Neo Química Arena, em São Paulo.

A CPI buscará saber da CBF qual autoridade do governo Jair Bolsonaro teria dado autorização para que o jogo acontecesse com a escalação dos quatro jogadores argentinos que, por determinação da Anvisa, deveriam estar cumprindo quarentena.

“Estamos fazendo um requerimento para a CBF para que ela informe qual autoridade do governo brasileiro autorizou eventual acordo para burlar as regras sanitárias sobre a entrada de estrangeiros em território nacional”, antecipou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão de inquérito.

“Sob pena, se a CBF não responder ou prestar essas informações, de convocar os próprios representantes da CBF. Não queremos. Por isso, queremos que a CBF informe qual foi a autoridade brasileira que deu autorização para burlar as regras sanitárias.”

Agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) invadiram o gramado e interromperam a partida depois de seis minutos. Eles apontaram seguidas infrações sanitárias e descumprimento de determinações por parte da AFA (Associação do Futebol Argentino).

Economia

A repercussão na imprensa mundial foi imediata, sobretudo na argentina. O Olé, por exemplo, classificou como um dos “maiores papelões do futebol mundial” e disse que a interrupção da partida foi “absurda”.

O americano The New York Times registrou que o episódio em São Paulo foi “caótico”. “Um grupo de autoridades brasileiras de saúde pública entrou em campo minutos após o início do confronto e ordenou que os jogadores argentinos saíssem do campo com dirigentes de ambos os lados, uma pequena multidão permitida dentro do estádio e uma audiência televisiva global lutando para compreender exatamente o que estava acontecendo”, disse o maior jornal do mundo.

“As últimas notícias são de que a Argentina está prestes a deixar o estádio em um ônibus e o Brasil fará um treino dentro de campo. Isso foi terrível”, anotou o jornal britânico The Guardian.

O Marca, da Espanha, destaca a reação de Messi. “Estamos aqui há três dias. Estavam esperando começar o jogo?”

O escândalo envolvendo a Anvisa ocorre nas vésperas das manifestações pró-golpe, no 7 de setembro, cujo movimento é liderado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ou tudo não passou de uma mera coincidência?

“Onde estava a Anvisa em 2014 quando o Brasil enfrentou a Alemanha?” foi o principal questionamento [meme] nas redes sociais, em alusão ao chocolate de 7 a 1 na final da Copa.

CBF se diz surpresa com ‘entrada em campo’ da Anvisa

Em nota, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamentou profundamente o ocorrido. “A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo.”

Na nota, a CBF informe que que em nenhum momento, o presidente interino da entidade, Ednaldo Rodrigues, ou outro dirigente da confederação, interferiu em qualquer “ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país”. “O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.”

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