Bolsonaro se encontrará quando com famílias de mortos e infectados pelo coronavírus?

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta a todo custo se desvencilhar da responsabilidade das mais de 6 mil mortes por coronavírus e 87 mil casos de infecção confirmados.

Há especialistas afirmando que o Brasil está subnotificando a Covid-19 e os casos e mortes seriam até 10 vezes maiores.

É nesse contexto da “necropolítica” –a política da morte do governo federal brasileiro– que surge a pergunta desconcertante: Quando Bolsonaro se encontrará com famílias de mortos e infectados pelo coronavírus?

O governador de São Paulo, João Doria, possível candidato do PSDB à Presidência da República, em 2022, acusou nesta quarta (29) Bolsonaro de viver numa bolha e cobrou que o presidente visitasse hospitais que estão tratando pacientes de coronavírus.

No entanto, Bolsonaro continua apático e minimizando a letalidade do vírus. Nas redes sociais, seus seguidores espalham fake news dizendo que os caixões sepultados em covas coletivas estariam vazios e que as imagens seriam obras de comunistas para derrubar o “Messias”.

O desprezo de Bolsonaro pela realidade não sensibilizou seu aliado Donald Trump, presidente dos EUA, que também sofre desgastes com mortes, crise econômica e casos de coronavírus.

Economia

“No Brasil, [o número de mortes] está muito alto, se você olha o que está acontecendo, para os gráficos. É muito, muito alto. Quase vertical”, observou o presidente americano, que esta semana cogitou proibir voos para o Brasil.

“Eles [o Brasil] estão passando por um momento difícil, eles estão chegando [no modelo de imunidade de] rebanho. A Suécia chegou no rebanho”, disse Trump.

“O povo da Suécia é muito inteligente, eles estão ficando em casa, eles não estão saindo. Algumas pessoas, sim, eu acho, mas eles perderam muitas pessoas”, comparou o presidente dos Estados Unidos.

Donald Trump dirige uma nação cujo número de mortos pelo coronavírus em oito semanas ultrapassa o total de baixas militares americanas em oito anos de grande combate no Vietnã.

A exemplo de seu fã Bolsonaro, o presidente americano também é acusado pela mídia de ser pouco empático e frio em relação ao sofrimento das famílias. Mas há uma explicação crível para isso: eles são atendidos pelo mesmo marqueteiro, Steve Bannon.

Dito isso, podemos responder à pergunta grafa no título deste post com um provavelmente Bolsonaro “não” irá se reunir com as famílias de mortos e infectados pelo coronavírus.

LEIA TAMBÉM
PT lança vídeo pelo ‘Fora Bolsonaro’ com narrativa da Covid-19; assista

Juíza rejeita resposta da AGU e dá 48h para Bolsonaro entregar exames de coronavírus

Bolsonaro é recebido com panelaço e buzinaço em Porto Alegre

Bolsonaro diz que ‘talvez’ tenha sido contaminado pelo coronavírus

“Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti”, declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.

O presidente já realizou dois testes para saber se foi contaminado pela doença — em 12 e 17 de março — e divulgou que os resultados foram negativos, mas tem se recusado a apresentá-los.

Na última segunda-feira (27), o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu na Justiça Federal o direito de ter acesso a todos os exames de coronavírus feitos por Bolsonaro. A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Justiça um relatório médico de 18 de março no qual atesta que o presidente se encontra “assintomático” e teve resultado negativo para Covid-19, mas não enviou a cópia dos exames.

A juíza federal Ana Lúcia Petri Betto, responsável pelo caso, não aceitou o relatório e deu nesta quinta-feira 48 horas para que os exames sejam entregues.

Em postagem no Twitter, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT), comentou sobre a declaração de Bolsonaro.

“Obrigado a mostrar exame médico sobre Covid 19, Bolsonaro começa a afirmar que talvez tenha sido contaminado. Sacana, irresponsável, reuniu com pessoas, passeou por Brasília, afrontou a saúde pública. Por isso não está nem aí com as mortes. Atuou para matar gente. Criminoso”, escreveu a dirigente petista na rede social.

Militares se recusam a apertar mão de Bolsonaro, que esconde resultado do exame para Covid-19

Bolsonaro visitou hoje Porto Alegre, capital do Rio Grande de Sul, onde se reuniu com a caserna –inclusive com o vice-presidente general Hamilton Mourão (PRTB).

Assim como os demais militares, Mourão ofereceu o cotovelo para Bolsonaro.

As cenas constrangedores bombaram hoje nas redes sociais porque há fortes suspeitas de que o presidente tenha contraído a Covid-19.

A despeito de uma decisão da Justiça Federal de São Paulo, Bolsonaro se recusou a apresentar o laudo do exame que teria dado “negativo” para o coronavírus.

O pedido para que Jair Bolsonaro mostrasse o exame foi feito pelo Estadão.

O presidente da República esteve nesta manhã no Centro de Operação de Combate à Covid-19 da capital gaúcha.