Bolsonaro pode ser responsável pela morte de mais de 1 milhão de pessoas no Brasil, cacula a Folha

A Folha de S. Paulo alerta para o potencial genocida do posicionamento de Bolsonaro; mortes pelo coronavírus poderão chegar a 1,15 milhão no Brasil, se não houver restrições. Charge de Nando Motta.

A Folha de S. Paulo, edição deste sábado (28), calcula em 1,15 milhão de mortos pelo coronavírus no Brasil, se não houver restrição ao contágio. Em português claro, o jornalão responsabiliza antecipadamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem se esforçando pela flexibilização do isolamento social e da proibição de estabelecimentos não essenciais.

A Folha recorreu a estudo feito por uma equipe de 30 cientistas do Imperial College de Londres para concluir que adotar estratégias radicais de isolamento social para conter novo coronavírus pode salvar mais de 1 milhão de vidas no Brasil.

De acordo com o jornal paulistano, no trabalho divulgado nesta quinta (26), os especialistas em doenças transmissíveis calcularam o número de infectados, pacientes graves e mortos em cinco cenários de disseminação do vírus no Brasil.

“Sem medidas de isolamento social que reduzam a transmissão do coronavírus, o Brasil pode ter até 1,15 milhão de mortes provocadas pela doença, chamada de Covid-19”, garante a Folha. “No cenário de restrições mais drásticas e precoces, as mortes seriam 44 mil”, estima.

A Folha de S. Paulo não é o único órgão de imprensa a alertar o potencial genocida do posicionamento de Bolsonaro. No último dia 16 de março, o site The Intercept Brasil registrou que o relaxo do capitão poderia custar a morte de 478 mil brasileiros.

Note o caríssimo leitor, assim como a Folha, o Intercept também não chutou os números de vítimas ao vento. Pelo contrário. O site fundado pelo jornalista americano Glenn Greenwald se baseou num estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

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“Analisando a taxa de mortalidade da doença em diferentes idades e fazendo as projeções para cada população, os pesquisadores chegaram ao cenário de possíveis 478.629 mortos no Brasil, número maior que o da Nigéria, que tem uma população mais jovem”, dizia o texto há quase duas semanas.

Não se trata de premonição da Folha ou do Intercept. Essa tragédia humanitária já abateu países da Ásia como China, Irã e Japão e agora abate Europa (Itália, Espanha, Reino Unido, etc.) e os Estados Unidos, agora novo epicentro mundial do coronavírus.

A restrição de circulação de pessoas aqui no Brasil e alhures tem como objetivo garantir que o sistema público de saúde não entre em colapso nos próximos dias. O pico da COVID-19, nesta plagas, ocorrerá no mês de abril, indica o Ministério da Saúde.

Diante do desastre que se avizinhava no Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, pisou o acelerador e adotou medidas mais severas para conter a pandemia. São medidas que Bolsonaro se recusa a adotar e que o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, não adotou ao lançar a campanha “Milão não Para”. Resultado: a cidade teve 4,4 mil mortes pelo coronavírus em velocidade recorde de 1 mês.

No cenário analisado pelo  Imperial College, a saúde do Brasil entraria em colapso porque tem 46 apenas mil leitos de UTIs com respiradores, capacidade que só não será superada na hipótese mais radical de intervenção.

Caso prevaleça a tese do presidente Jair Bolsonaro, de não haver restrições à circulação, sem isolamento, diz o estudo, o coronavírus contagiará 188 milhões de brasileiros, dos quais 6,2 milhões terão que ser hospitalizados e 1,5 milhão precisará ser internado em UTI.

“Neste caso, o número de mortes estimado é de 1.152.283”, relatam os pesquisadores, segundo a Folha.

No caso de adoção de medidas como proibição de eventos, redução na circulação, restrição a encontros, uma estratégia mais branda e operacionalmente mais viável que as duas seguintes, o número de mortes chega a 627 mil brasileiros, nos cálculos do Imperial College.

São infectados 122 milhões de brasileiros, dos quais 3,5 precisarão de hospitalização e 831 mil terão que ocupar uma UTI.