Bolsonaro mira ministros do STF, por isso ele quer eleger bancada no Senado nas eleições de 2022

Bolsonaro está “liberando” governadores do palanque presidencial desde que eles elejam um senador terrivelmente bolsonarista no ano que vem.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) botou na cabeça que precisa fazer maioria no Senado da República. É ali, imagina o mandatário, o caminho das pedras para dar impeachment nos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que o questionarem em um imaginário segundo mandato no Palácio do Planalto.

A Constituição Federal estabelece no art. 52 que o Senado é o foro competente para processar e julgar, nos crimes de responsabilidade, ele mesmo, o presidente e ministros do STF.

Nessa perspectiva, de tomada do Senado, Bolsonaro busca nos estados eleger senadores. Ele decidiu relativizar os palanques regionais com governadores, desde que estes lhe deem um senador eleito em 2022.

Em várias praças a bruxaria já começou a ser efetivada. No Paraná, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro “liberou” do palanque presidencial o governador Ratinho Junior (PSD) conquanto ele filie no PL [futuro partido do mandatário] seu chefe da Casa Civil, Guto Silva, hoje deputado do PSD, com o intuito de concorrer ao Senado contra o senador Alvaro Dias (Podemos), que luta por mais uma reeleição.

A meta do governo Bolsonaro é eleger por estado um “senador terrivelmente bolsonarista” nas eleições de 2022, quando um terço do Senado será renovado (27 cadeiras).

Economia

Uma entrevista da ativista Sara Winter, na revista IstoÉ, ficou claro o papel dessa milícia bolsonarista para tomar o poder e colocar de joelhos os ministros do Supremo. Segundo a ativista, o esquema contrário às instituições envolve parlamentares, o ministro general Augusto Heleno, do Gabinete da Segurança Institucional, e o próprio Bolsonaro.

“Ele pediu para deixar de bater na imprensa e no Maia e redirecionar todos os esforços contra o STF”, disse Sara Winter, 29 anos, ao se referir a Heleno.

Ela esteve temporariamente presa pela Polícia Federal em junho de 2020, por organizar o movimento fundamentalista 300 do Brasil, mas agora, arrependida e solta, garante que não deve nada à Justiça.

Se havia dúvidas sobre os planos de Bolsonaro, eis o relato da moça que foi atirada aos leões pelo governo e pelo bolsonarismo.

Segundo Sara Winter, o presidente Jair Bolsonaro era quem pautava o jornalista bolsonarista Oswaldo Eustáquio determinando quem ele deveria criticar e quem ele deveria fustigar nas redes sociais.

Oswaldo Eustáquio, por ordem de Bolsonaro, vai disputar o Senado por São Paulo.

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