Bolsonaro e Moro são farinha do mesmo saco, afirma líder do PT na Câmara

O deputado Enio Verri (PT-PR), líder do PT na Câmara, a despeito da guerra de egos, afirma que Bolsonaro e Moro, como se diz na linguagem popular, são farinha do mesmo saco, ou a tampa e o balaio.

“A briga entre os dois vai expor à sociedade os crimes de ambos e pode revelar os mistérios da ascensão de ambos”, diz o líder, lembrando que Bolsonaro só foi eleito porque Lula foi preso por Moro e, consequentemente, o ex-juiz só virou ministro da Justiça porque prende o petista.

“Dessa forma”, anuncia Verri, “apoio integralmente a criação de uma CPI para investigar tanto um quanto o outro.”

Leia a íntegra do artigo:

Farinha do mesmo saco

Enio Verri*

Economia

A crise entre Jair Bolsonaro e Sérgio Moro faria um grande bem ao País, não fosse o estado catastrófico em que se encontra o Brasil. No momento, 210 milhões de brasileiros querem apenas chegar vivos ao final dessa pandemia de coronavírus. A sociedade está aflita para saber de respiradores, UTIs, máscaras, EPI para os profissionais da saúde, principalmente e de testagem em massa, como fazem os países onde a pandemia está mais controlada, como na Alemanha.

Mais de 100 milhões de brasileiros, pobres, querem saber quando terão acesso à renda básica emergencial que o governo retarda criminosamente o pagamento. As pessoas querem saber como elas se encontram nas estatísticas de contaminação e morte que não param de crescer, principalmente nas periferias, onde, na última semana, aumentou em 45% as mortes pela COVID-19. Diante do silêncio sepulcral e da inação do ministro da Saúde, os governadores estão agindo por conta própria, importando equipamentos da China.

Enfim, não há governo, senão a atuação de dois bufões que protagoniza um genocídio. A depender de Bolsonaro e de Moro, para o desespero da sociedade, o que dominará a cena política brasileira será uma briga entre dois egos comprometidos demais consigo mesmos para dar atenção e o devido combate ao avanço avassalador da contaminação por um vírus para o qual ainda não há cura. Quem sobreviver saberá quem são Bolsonaro e Moro, negligentes e inconsequentes que tripudiam sobre cadáveres que se acumulam em hospitais, ou são encontrados em casa.

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Acusações de ambas as partes, contra cada qual, devem ser rigorosamente investigadas, pois têm a legitimidade de quem sabe o que o outro fez no verão passado. Aliás, eles estavam juntos. Não há herói de nenhum dos lados, pois eles fazem parte de um mesmo projeto político que, agora, se digladia porque é formado a partir de interesses pessoais que não contemplam, necessariamente os interesses do outro e, muito menos, os da nação. Tudo não passa disputa por poder. De um lado, um presidente que quer proteger os filhos, umbilicalmente ligados à indústria de mentiras e difamações e a um esquema de extorsão se salários de servidores, também chamado de “rachadinha”.

Do outro, um ministro incensado por veículos de comunicação da classe dominante, por ter perseguido o maior partido do Brasil e o melhor presidente da história desde País. Moro deve muitas explicações à sociedade, desde que cometeu o crime de grampear e vazar para a maior rede de televisão do País a conversa entre uma presidenta em exercício do cargo e um candidato a ministro não investigado pelo Ministério Público. O ex-ministro provou do seu veneno e foi alvo de vazamentos pela agência de notícias “Intercept Brasil”, estes legais, de conversas dele com membros da força-tarefa da operação Lava Jato, em que o então juiz orienta a investigação do MP, inclui elementos já superados em decisões anteriores, antecipa decisões, entre outras barbaridades.

Nesse sentido, não há como diferenciar um do outro, pois fazem parte de um projeto de açambarcamento da soberania nacional. Bolsonaro e Moro, como se diz na linguagem popular, são farinha do mesmo saco, ou a tampa e o balaio. Dessa forma, apoio integralmente a criação de uma CPI para investigar tanto um quanto o outro. A briga entre os dois vai expor à sociedade os crimes de ambos e pode revelar os mistérios da ascensão de ambos. Um, no âmbito da operação Lava Jato, eivada de inconsistências, incoerências e injustiças e, do outros, na disputa eleitoral de 2018, quando foram fartamente utilizados meios escusos para alcançar a vitória de um governo fraudulento do qual Moro participou por mais de um ano e, somente agora, decidiu deixá-lo,m acusando-o de uma série de crimes.

*Enio Verri é economista e professor aposentado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal e líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.

STF autoriza inquérito para investigar denúncias de Moro contra Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello autorizou o procurador-geral da República, Augusto Aras, a abrir inquérito e apurar os supostos crimes cometidos pelo presidente Bolsonaro (sem partido), relatados pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

O pedido foi feito na sexta-feira (24) logo após ao pronunciamento de Sérgio Moro em que anunciou sua saída do governo.

O pedido de Aras aponta os crimes de falsidade ideológica, coação no curso de processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, escreveu o PGR no pedido.

O procurador-geral também sugere ao STF que tome o depoimento de Moro para que ele preste esclarecimentos detalhados de seu pronunciamento e apresente provas.

“Indica-se, como diligência inicial, a oitiva de Sérgio Fernando Moro, a fim de que apresente manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão”, acrescenta Aras.

Durante pronunciamento na manhã de sexta-feira (24) para anunciar sua saída do governo federal, Moro acusou Bolsonaro de pretender uma “interferência política” na Polícia Federal e disse que esse seria o motivo da exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da corporação.