Mesmo com quase 130 mil mortos pela pandemia e com mais de mil novas mortes por dia, o presidente Bolsonaro continua achando que a grande tragédia da Covid-19 é a crise econonica.
Ele se emociona e quase chora ao ouvir um relato de uma pequena empresa que foi à falência gerando desemprego. Mas não tem empatia quando se fala dos mortos. Sofre por um CNPJ, mas nunca por um CPF ‘cancelado’.
O pior é que ele não se envergonha. Tem orgulho.
Triste Brasil.
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“Se o arroz está caro, comam macarrão!”, dizem a Bolsonaro donos de supermercados
“Se o arroz está caro, comam macarrão!”, sugeriram os donos de supermercados que se reuniram nesta quarta-feira (9), em Brasílía, com o presidente Jair Bolsonaro.
A proposta de trocar o arroz pelo macarrão partiu do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abas), João Sanzovo Neto.
Segundo o dirigente da Abas, os supermercados orientarão os clientes a substituírem o arroz pelo macarrão.
“Do nosso lado, vamos continuar fazendo a nossa parte: sempre defendendo os consumidores, já que dependemos do preço barato para continuar vendendo e atraindo clientes. Negociar forte com os fornecedores e fazer uma ação para promover o consumo de massa, de macarrão, que é o substituto para o arroz. E vamos orientar a população para que não estoque. Quanto mais estocar, mas difícil fica a situação”, disse Sanvozo Neto.
O dirigente jurou ainda que os empresários não serão “vilões” de algo que não são “responsáveis”.
A declaração do representante dos supermercadistas foi dada após reunião com presidente Jair Bolsonaro, que vem fazendo apelos ao “patriotismo” do donos de supermercados para que eles reduzam a margem de lucro em produtos da cesta básica.
“Nós não vamos ser vilões de uma coisa que nós não somos responsáveis, e muito pelo contrário”, disse o presidente da Abas.
Sanzovo Neto afirmou que a margem de lucro de produtos básicos, como o arroz, é muito baixa, devido à concorrência de mercado. Ele disse também que, atualmente, os donos de supermercado estão vendendo abaixo do que custaria para repor o produto, uma vez que os empresários trabalham com estoques e custo médio.
“Essa é a lei de mercado, é a concorrência, são 90 mil pontos no Brasil , e o consumidor ele vai aonde o preço tá mais barato, ele busca isso, e a gente quer que ele venha comprar na loja da gente, então a gente tem essa concorrência nesse produto bastante forte”, explicou, acrescentando:
“Vocês estão esquecendo que estamos numa concorrência, nós não temos um cartel, ninguém combina preço nem nada, é concorrência pura”, garantiu.
Questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro pedindo patriotismo dos donos de supermercado, Sanzovo afirmou que os empresários estão fazendo a parte que lhes cabem e que o presidente compreendeu isso.
“Nós já fazemos a nossa parte, e o governo já entendeu isso. Com os números, com transparência, já entedeu que os supermercados contribuem para diminuir a inflação, nunca para aumentar”, disse.
O presidente da Abras disse que “é difícil de dizer” se existe a possibilidade de faltar arroz nas prateleiras brasileiras, mas que a orientação da associação é que a população não faça estoque do produto e substituam por massas.
“Isso vai ajudar o preço a diminuir, mais a entrada da importação. É trabalhar na oferta e na procura. É lei de mercado, quem já estudou um pouquinho conhece e funciona. É isso que funciona, o resto não funciona. O Brasil já viveu tabelamento, já viveu congelamento de preço, produto some da prateleira”, disse.
Segundo Sanzovo , as variações de preço desses alimentos ocorrem porque são produtos sazonais.
“É sazonal, é agricultura: chove demais, faz sol demais. O problema está na lavoura, no custo da produção, na safra baixa; o problema está no câmbio, os produtos estão sendo exportados.”
Bolsonaro acabou até com o bolinho de arroz, além de reduzir o auxílio emergencial
Aquele tradicional bolinho de arroz, frito, virou coisa da vovó. Pelo preço do pacote de arroz de 5 kg, acima de R$ 40, a guloseima ficou proibitiva para os reles mortais. Agora, mastigar a fritura é coisa de rico…
Para agravar a situação, o presidente Jair Bolsonaro reduziu o auxílio emergencial para R$ 300 na pandemia do novo coronavírus.
O presidente, escusando-se da responsabilidade, disse na sexta-feira passada (4) que a culpa pelo aumento no preço do arroz e do feijão é do povo.
Segundo a tese de Bolsonaro, o auxílio emergencial de R$ 600 colocou mais dinheiro em circulação e isso causou inflação.
Em nenhum momento o presidente da República viu ganância e abuso dos supermercadistas, que o apoiam politicamente.
A solução encontrada pelo presidente Jair Bolsonaro foi cortar pela metade o auxílio emergencial, que, até dezembro, será de apenas R$ 300.
Com a redução da ajuda do governo, inexoravelmente, o consumidor também terá de cortar o pacote de arroz pela metade. Ao invés de cinco quilos, o cidadão levará para casa 2 quilos e meio.
Ou seja, Bolsonaro conseguiu a façanha com um único golpe cortar com o auxílio emergencial e acabar com o bolinho de arroz.
Mas os lucros dos supermercados continuam intocáveis porque, de acordo com o presidente, não se mexe em time que está “ganhando” à custa do povo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.