Bolsonaro diz que está “praticamente sozinho” e pode desistir da disputa em 2022

O presidente Jair Bolsonaro ficou desolado com a rejeição de seu pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Na noite de quarta-feira (25/08), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que ação era inepta e determinou o arquivamento do processo.

“Estou praticamente sozinho”, disse Bolsonaro, indicando que pode jogar toalha sobre a disputa de 2022. Em português claro: o presidente é cada vez menos candidato à reeleição no ano que vem.

Bolsonaro reconheceu na manhã desta quinta-feira (26/08), em entrevista na rádio Jornal Pernambuco, que está politicamente isolado.

“Os Poderes são independentes. Eu entrei com a ação para que o processo fosse avante. Nem vou dizer cassar, ou não, o ministro Alexandre de Moraes. O Pacheco entendeu e acolheu uma decisão da sua advocacia, advocacia do Senado. Mas, quando chegou uma ordem do ministro (Luís Roberto) Barroso para abrir a CPI da Covid, ele mandou abrir”, reclamou.

Além de confrontar o judiciário, abrindo fogo contra ministros do STF e TSE, Bolsonaro ainda arruma tempo para atritar contra o Congresso Nacional. Em tese, o presidente tem maioria na Câmara e no Senado. Em tese, frisa-se, porque as únicas pautas que passam nessas duas casas são as de interesses dos bancos e dos especuladores associados à velha mídia corporativa.

A entrevista do presidente à emissora pernambucana foi com o fígado. Ele criticou especificamente Pacheco, que, segundo Bolsonaro, agiu diferentemente da forma que atuou em um passado recente.

Economia

“Vocês sabem que nessa briga eu estou praticamente sozinho. O que são as acusações contra o senhor Alexandre de Moraes? Ele ignora a Constituição Federal. Ele desconhece e ignora vários incisos do artigo 5º. Ele ignora o direito de ir e vir, a liberdade de expressão. Ele abriu o Inquérito das Fake News – e as fake news nem estão tipificadas no Código Penal – e simplesmente começa a investigar qualquer um”, declarou o mandatário.

Para Bolsonaro ele, presidente da República, joga dentro das quatro linhas da Constituição enquanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF, joga fora das regras pré-estabelecidas.

“Nas últimas semanas, o STF, por intermédio do ministro Alexandre de Moraes, determinou a instauração de inquérito policial a fim de investigar condutas que eu supostamente teria praticado durante a transmissão das lives de quinta-feira”, chorou Bolsonaro.

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