O presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu que é pouco o reajuste salarial linear de apenas 5% e que esse índice desagrada a todos os servidores federais. No entanto, ele não teve pejo de conceder renúncia fiscal de R$ 534 bilhões para grandes empresas ampliando de 25% para 35% o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
– Parece que desagrada a todo mundo [conceder o reajuste de 5%]. Alguns falam, então dá zero. Não pode fazer isso aí, tem muita gente que se for nessa linha, 5% interessa a eles. Nós dois últimos meses a inflação passou de 3%, o negócio está pegando pesado para todo mundo – disse Bolsonaro.
A correção nos contracheques dos servidores deve ser aplicada sobre o salário de junho e custar entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões aos cofres públicos neste ano, estima o Palácio do Planalto.
Algumas categorias, como os servidores do Banco Central, estão parados desde 1º de abril, reivindicando aumento de 26,6% e reestruturação da carreira.
Se linearmente fosse aplicado esse índice de 26,6% mais a restruturação da carreira, o governo dispenderia cerca de R$ 50 bilhões, ou seja, 10% da desoneração fiscal.
Uma das formas de garantir a reativação da economia seria o aumento da massa salarial e do consumo, porém Bolsonaro optou pelo privilégio às multinacionais e grandes empresas sem exigir uma contrapartida de geração de empregos com salários decentes.
A desoneração de Bolsonaro, se efetivada, significará mais estagnação na economia.
Corre-se o risco de haver produção e pouco consumo, por falta de salários, ou essa redução jamais chegar no consumidor.
O governo torce para que a concorrência entre os empresários faça com que o barateamento chegue ao consumidor.
Evidentemente que algumas bolhas de consumo, entre os mais ricos, tendem a se formar com a desoneração do IPI.
Mas, a princípio, sem salário, essa redução beneficiaria somente os mais endinheirados que estão entre os que têm poder de compra.
Os pobres estão sendo obrigados a abrir mão de R$ 534 bilhões do Orçamento da União. Esses recursos também poderiam ser destinados para a saúde, educação e habitação.
Portanto, a bilionária desoneração de Bolsonaro para os mais ricos é a oneração dos mais vulneráveis.
Uma das formas de corrigir essa falha seria mudar o governo.