► Nessa briga Macron versus Bolsonaro, o ex-presidente Lula diz: ‘o inimigo do inimigo meu é meu amigo’
O presidente Jair Bolsonaro, certamente, não comparecerá à posse de reeleição de seu homólogo francês Emmanuel Macron.
Os santos dos presidentes da França e do Brasil não se batem desde que Macron, em agosto de 2019, ousou colocar na pauta do G7 a questão da Amazônia.
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Na época, o presidente francês foi chamado de idiota, cretino e até sua mulher [Brigitte] virou alvo do bolsonarismo.
Macron e Bolsonaro, pelas redes sociais, deflagraram uma crise diplomática sem precedentes.
Os dois trocam críticas e acusações em uma série de posts e entrevistas, que respingaram até nas primeiras damas dos respectivos países.
Tudo começou com a manifestação de Macron pelo Twitter na quinta-feira (22/08/2019), quando ele convocou os países do G7 a discutirem as queimadas na Amazônia no encontro que ocorreu no fim de semana.
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– Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica, os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta, está em chamas. É uma crise internacional – escreveu o francês.
Pouco depois, Bolsonaro foi à mesma rede dizer que o presidente da França usava tom sensacionalista e estava querendo instrumentalizar uma questão interna do Brasil. O presidente brasileiro afirmou ainda que Macron usou uma foto falsa e tinha uma mentalidade “colonialista” ao querer incluir o tema no debate do G7.
No mesmo dia, o filho de Bolsonaro que pretende ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, deputado federal Eduardo Bolsonaro, publicou vídeo dizendo que Macron era um “idiota”.
Em meio a essa discussão virtual, Emmanuel Macron acusou, na sexta-feira (23/08/2019), Bolsonaro de mentir sobre os compromissos ambientais e disse se opor ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. O discurso, no entanto, não encontrou ressonância nos demais líderes do G7.
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No domingo (25/08/2019), foi a vez do então ministro da Educação, Abracham Weintraub, se referir ao presidente da nação francesa como “cretino” em postagem também no Twitter. Ele fez ainda alusão à situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estava preso em Curitiba, para dizer “Ferro no cretino do Macrón, não nos franceses…”.
Nesse mesmo domingo, Bolsonaro virou notícia internacional mais uma vez ao reforçar uma piada feita em rede social com Brigitte, a mulher de Macron. Um seguidor do presidente Bolsonaro postou a foto de Brigitte e de Michelle (primeira-dama brasileira), dizendo que Macron o estaria perseguindo por inveja. O presidente do Brasil respondeu: “Não humilha cara. Kkkkk”. A comparação se referia às idades das duas esposas e dava a entender que Bolsonaro teria vantagem porque a sua era mais jovem.
O tom jocoso com que Bolsonaro se referiu à primeira-dama francesa chegou ao conhecimento de Macron, que na segunda-feira (26/08/2019) considerou o brasileiro “extremamente desrespeitoso” e disse lamentar pelos brasileiros.
Bolsonaro, por sua vez, usou o Twitter novamente nesta segunda-feira para acusar Macron de fazer “ataques descabidos e gratuitos à Amazônia”. Segundo, ele, o país não pode aceitar isso “nem que (Macron) disfarce suas intenções atrás da ideia de uma “aliança” dos países do G-7 para “salvar” a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”.
Nessa briga Macron versus Bolsonaro, o ex-presidente Lula levou a sério aquela máxima segunda qual ‘o inimigo do inimigo meu é meu amigo‘.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.