A prisão do suposto “taradão” de Londrina, Marcelo Caramori, o Tchello, ex-fotógrafo do governo do Paraná, é só a ponta do iceberg de um megaesquema de corrupção que está sendo investigado pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço policial do Ministério Público do Paraná (MP).
O desfecho das investigações dos promotores londrinenses aponta para complexas conexões com o Palácio Iguaçu. Ou seja, a corrupção bateu à porta da cozinha do governo Beto Richa (PSDB).
Segundo o promotor Renato de Lima Castro, da Promotoria de Defesa e Proteção ao Patrimônio Público, empresários da região eram achacados por funcionários da Receita Estadual de Londrina.
Mas que diabo tem a ver o suposto taradão, acusado de pedofilia, com o possível esquema de corrupção no governo Richa? Tudo, de acordo com investigações.
Até estourar o escândalo, no início deste ano, o fotógrafo era nomeado em um cargo comissionado DAS-5 (chefia), no gabinete do governador do Paraná, com salário de R$ 6.177,13 por mês.
Tchello é fotógrafo e teria se apresentado, durante a prisão, no final de janeiro, como assessor do governador tucano em Londrina e mostrado uma tatuagem no braço “100% Beto Richa”.
A investigação do Gaeco londrinense era focada no achaque a empresários, mas as linhas se cruzaram… Alguns — nem todos — achacadores da Receita Estadual também participavam de esquema de exploração sexual de menores junto de Tchello. Em comum, todos eles, a relação íntima com Luiz Abi, primo do governador Beto Richa.
Segundo reportagem de Fábio Calsavara e Fábio Silveira, do Jornal de Londrina, as buscas e apreensões do Gaeco tiveram desdobramento em Curitiba, na sala onde trabalha Márcio Albuquerque de Lima, que foi delegado da Receita Estadual em Londrina e agora é inspetor de fiscalização na capital.
O repórter Fábio Silveira, que também é titular do blog Baixo Clero, hospedado no mesmo JL, publicou um vídeo revelando que Márcio Albuquerque de Lima é companheiro de longa data do governador Beto Richa no automobilismo. Eles correram juntos as 500 milhas de Londrina, em 2010.
E para fechar o repolho, se é que é possível, nunca é demais recordar que o deputado Requião Filho (PMDB) pediu informações ao Gaeco sobre supostas conexões entre Marcelo Caramori, o Tchello, e a “Tenda Digital”, que coordena boa parte do submundo cibertucano, principalmente na campanha eleitoral, de ataque a adversários políticos do governador Beto Richa.
No começo do mês passado, o peemedebista requereu ao Gaeco que investigue e-mails e grupos de WhatsApp que supostamente trocaram mensagens utilizando computadores do Palácio Iguaçu.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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