A barragem de Eustáquio, da mina Morro do Ouro em Paracatu (MG), com capacidade de armazenamento 60 vezes maior que a da Vale que se rompeu em Brumadinho, está dando sinais que pode se romper.
As comunidades que vivem nas redondezas já não tinham sossego por causa das detonações diárias, e pelo barulho do maquinário que funciona dia e noite; sem falar na contaminação do sangue por do arsênio usado na mineração do ouro. Agora, os moradores estão apavorados.
Segundo reportagem do Observatório da Mineração publicada nesta quinta-feira (12), o MPMG instaurou um Inquérito Civil Público para investigar o comprometimento do aterro compactado da barragem de Eustáquio a partir de uma denúncia da Polícia Militar Ambiental, que detectou fissuras, início de processos erosivos e prováveis comprometimentos geotécnicos da estrutura.
LEIA TAMBÉM
Papa Francisco recorda um ano da tragédia em Brumadinho
MST lança em Brumadinho plano para plantar 100 milhões de árvores
Brumadinho: Marcha de seis dias denuncia um ano do crime da Vale
Em operação desde 1987, a mina Morro do Ouro da mineradora canadense Kinross é a maior extração a céu aberto do metal precioso do Brasil, responsável por 22% da produção nacional.
São extraídas 17 toneladas de ouro por ano em Paracatu. Em 2019, a mineradora anunciou como receita total das suas operações globais US$ 3,4 bilhões, cerca de R$ 17 bilhões pela cotação atual. De lá saiu boa parte dos 700 kg de ouro roubado em agosto de 2019, no aeroporto de Guarulhos.
Em dez anos, chegará ao fim a vida útil da mina. O município perderá a arrecadação anual do imposto pago pela empresa, os 1,8 mil empregos diretos e 3 mil terceirizados.
Restará apenas o passivo ambiental, que inclui a degradação do solo, da cobertura vegetal original e a contaminação das águas. Sem contar a saúde das pessoas.
As informações são da Rede Brasil Atual. e do Observatório da Mineração
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.