A avaliação do governo Lula (PT) parou de melhorar e voltou a oscilar para baixo, segundo a Genial/Quaest: 50% desaprovam e 47% aprovam a gestão, com impacto direto da crise da segurança pública e da megaoperação no Rio.
O levantamento, realizado entre 6 e 9 de novembro com 2.004 entrevistas presenciais, mostra que a curva positiva registrada desde julho arrefeceu. A desaprovação subiu um ponto; a aprovação caiu um ponto. A margem de erro é de 2 pontos; nível de confiança de 95%.
A Quaest atribui o freio à pauta da segurança, em especial à ação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro e abriu atrito político entre Brasília e o governo fluminense. O pesquisador Felipe Nunes resume o momento como interrupção da “lua de mel tardia” com o eleitorado independente.
A Paraná Pesquisas já havia adiantado esse quadro mostrado pela Quaest.
Independentes viram chave
O pêndulo se moveu entre quem não se declara de esquerda nem de direita.
Entre independentes
– Desaprovação: 52%
– Aprovação: 43%
A distância volta a crescer após empate em outubro. Em agosto, esse mesmo segmento já havia registrado alta rejeição.
Segmentos sociais
O recorte por renda, gênero e religião também sinaliza desgaste na margem:
Renda acima de 5 salários mínimos
– Desaprovação: 56%
– Aprovação: 42%
Renda entre 2 e 5 salários
– Desaprovação: 53%
– Aprovação: 45%
Mulheres
– Aprovação: 51%
– Desaprovação: 46%
Católicos
– Aprovação: 50%
– Desaprovação: 47%
Nos evangélicos, há leve melhora pró-governo, contrariando a tendência geral. Ainda assim, segue maioria crítica.
Segurança pública domina a agenda
A violência disparou como maior preocupação nacional: 38% citam o tema, ante 30% no mês anterior.
A megaoperação no Rio tem 67% de aprovação nacional. E 57% discordam da frase de Lula segundo a qual a ação foi “desastrosa”.
Há apoio amplo a medidas duras:
– 88% defendem pena maior para crimes ligados a facções
– 65% apoiam restringir visita íntima a presos ligados ao crime organizado
– 73% querem criminalizar facções como terrorismo
Mesmo assim, 55% rejeitam operação igual em seus próprios estados, revelando ambivalência entre repressão e temor de violência cotidiana.
Economia estável, clima político tenso
Apesar da turbulência na segurança, indicadores econômicos seguem estáveis.
Ainda assim, 58% dizem que o país caminha na direção errada.
O encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repercutiu bem: 45% dizem que Lula saiu mais forte. Metade acredita em acordo para redução de tarifas.
Panorama eleitoral
A fotografia reforça um país dividido. A base lulista mantém apoio sólido; o campo conservador permanece mobilizado; e o centro oscila conforme segurança e economia alternam protagonismo.
Cenário que pressiona o Planalto, eleva a temperatura no Congresso e deve marcar a largada estratégica para 2026.
A continuidade da recuperação do governo dependerá da capacidade de reorganizar discurso na segurança sem romper com a agenda de direitos humanos, enquanto busca avanços na economia real, emprego, renda e inflação percebida.
A pesquisa mostra um eleitorado exigente, sensível a autoridade versus garantias, que rejeita violência estatal genérica, mas cobra firmeza contra facções.
O governo precisa calibrar voz e ação: segurança não pode ser monopólio da direita nem salvo-conduto para abusos. Justiça social se sustenta com ordem democrática e política pública inteligente.
O país pede menos bravata e mais Estado presente, eficiente e humano.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






