Até Malafaia vê erros de Bolsonaro na pandemia: “Não sou estúpido”

Até o Pastor Silas Malafaia, aliado de primeira hora do presidente Bolsonaro, enxerga e aponta alguns erros do presidente Bolsonaro na condução do país durante a pandemia do Coronavírus.

Malafaia concedeu um entrevista ao jornalista Vinícius Valfré que foi publicada no portal Terra. Ele disse que a ciência não deve ser ignorada e que ela não contraria a Bíblia.

“Olha o que Jesus falou: ‘os sãos não precisam de médicos, mas os doentes’. Jesus não menosprezou a Medicina, Jesus não menosprezou a ciência. Menosprezar o conhecimento e a ciência é ser alienado. Se tudo fosse através do poder da cura, a gente botava um evangélico na porta de cada hospital e não entraria lá mais nenhum doente. E negaríamos o que o próprio Jesus falou.”

Malafaia também criticou o poder público por estabelecer a regra do distânciamento social sem dar condições aos mais pobres de aplicar esse distanciamento.

“O RJ tem 3 milhões de pessoas em áreas proletárias. O que fechou lá? Nada. Tem 2 milhões de pessoas em transporte coletivo. Só depois de 60 dias da pandemia é que exigiram máscara no ônibus. Em São Paulo, 4,5 milhões de pessoas no transporte público. Não tem distanciamento em ônibus, em metrô, trem ou em porcaria nenhuma. Aí querem pegar igreja evangélica como bode expiatório.”

Sobre as declarações negacionistas e de pouco caso de Bolsonaro em relação à pandemia, Malafaia falou:

Economia

“Até acho que certas falas do Bolsonaro… não concordo com elas. Sou aliado e não alienado, não concordo. Acho que certas coisas que ele falou não devia ter falado. Acho que não precisava se expor. Acho que, como presidente, em algumas dessas vezes, poderia trazer palavra de ânimo, de otimismo, sem levar para o viés de ‘não tem nada’. Estou sendo honesto com você. Acho que o presidente, certas falas podia poupar, na minha opinião.”

“‘Ah, não sou coveiro’ e outras. Acho que certas falas não são boas, não contribuem. Vou dizer que em tudo o que presidente falou ele acertou? Claro que não, não sou estúpido.”

Sobre a Cloroquina, propagandeada por Bolsonaro como a panacéia da Covid-19, Malafaia disse:

“Não tomei nada. Vou tomar remédio por falácia? Eu não. Se eu tiver sintomas aí vou tomar remédio. Tomar e ficar nessa neura? Eu não. Nem recomendo ao meu povo. A recomendação que dou na igreja é: se proteja, use máscara, cuidado, se está resfriado não vá pra rua.”

O poder atrai, e Bolsonaro tem muitos aliados. Isso não significa que seus aliados concordem com ele…

A íntegra da entrevista está no Portal Terra.

Organização Mundial da Saúde registra mais um recorde de novos casos da Covid-19 em 24 horas

A Organização Mundial da Saúde registrou um novo recorde de casos de coronavírus nas últimas 24 horas: 237.743 novas notificações nesta sexta-feira, 17 de julho. O número ultrapassou o último recorde que era de 230.370 novos doestes registrados no último dia 12 de julho.

Segundo a OMS, os maiores aumentos no número de contaminações foram registrados nos Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Índia. Esta última tornou-se o terceiro país a registrar mais de 1 milhão de casos de contaminação.

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As infecções globais pelo novo coronavírus passaram de 14 milhões na última sexta-feira (17). Uma contagem da agência de notícia de notícias Reuters apontou que, pela primeira vez, houve um aumento de 1 milhão de casos em cerca de 100 horas.

A pandemia já matou mais de 590 mil pessoas em quase sete meses. E pela escalada dos números, ainda está longe de atingir o seu ápice e começar a diminuir. Ou seja, embora alguns países já tenham enfrentado a pior parte da pandemia, o mundo como um todo ainda está na ascendente de casos e mortes.

Com informações do Yahoo Notícias.

Escalada: Brasil registra mais 1.163 mortes por Covid-19 e se aproxima de 78 mil óbitos

General Eduardo Panzuello, no Ministério da Saúde, é símbolo da militarização no governo Jair Bolsonaro.

O Brasil registrou nesta sexta-feira (17) 34.177 novos casos de coronavírus, o que eleva o total no país a 2.046.328, e mais 1.163 mortes em decorrência da Covid-19, atingindo a marca de 77.851 óbitos, informou o Ministério da Saúde.

O país havia superado na véspera os 2 milhões de infecções pelo vírus, patamar que levou apenas 27 dias para ser alcançado após o registro do primeiro milhão de casos.

O Brasil é o segundo do mundo com maior número de infecções e óbitos por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.

São Paulo segue como o Estado brasileiro mais afetado pela doença, atingindo as marcas de 407.415 casos e 19.377 óbitos. O governo paulista estima que o Estado chegará ao final de julho com entre 510 mil e 600 mil casos, enquanto o número total de mortes no fim do mês é projetado entre 21 mil e 26 mil.

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Ceará e Rio de Janeiro dividem o segundo lugar da lista divulgada pelo Ministério da Saúde. Embora o Estado nordestino tenha mais casos (145.938 infecções, 7.165 mortes), o Rio possui maior número de óbitos (135.230 casos, 11.919 mortes).

O Pará –que está bem próximo do Rio de Janeiro em relação à quantidade de casos–, a Bahia e o Maranhão são os outros três Estados do país que possuem mais de 100 mil infecções confirmadas.

O Brasil conta com 1.321.036 pacientes recuperados da Covid-19, além de 647.441 em acompanhamento, segundo o Ministério da Saúde.

A taxa de letalidade da doença no país é de 3,8%.

*As informações são da Reuters.

Covid-19: Ex-ministros da Saúde alertam para tragédia e a omissão do governo Bolsonaro

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (17), os ex-ministros Alexandre Padilha, Arthur Chioro, Barjas Negri, Humberto Costa, José Gomes Temporão, José Saraiva Felipe e Luiz Henrique Mandetta denunciam a omissão do governo Bolsonaro diante da escala da pandemia do novo coronavírus, que provocou mais de 75 mil mortes no país.

Os ex-ministros apontam também o fracasso da gestão militarizada do general Eduardo Pazuello na Saúde. “A gestão militarizada do MS não trouxe nenhum ganho em eficiência logística e sequer tem sido capaz de adquirir os testes necessários ou de executar os recursos orçamentários disponibilizados, já que apenas 30% foram gastos até agora. O fato é que o governo federal abriu mão de seu papel constitucional de coordenação e condução do esforço nacional de combate à COVID 19 com evidentes prejuízos à capacidade do país em reduzir os impactos da doença”, diz o texto.

No artigo, os ex-ministros demandam do governo do presidente Bolsonaro medidas e ações para conter a expansão do coronavírus e o abandono do discurso negacionista e irresponsável que delegou o comando do ministério para militares sem experiência de gestão na área da Saúde Pública.

Leia a íntegra do artigo:

60 dias de omissão na saúde

O Brasil sucumbe de modo trágico à pandemia do coronavírus e o luto cobre a nação brasileira. Ao ultrapassar as 75 mil mortes causadas pela COVID 19, número inferior apenas ao dos EUA, a doença avança pelo país deixando um rastro de dor e sofrimento. Mas poderia ter sido diferente se o governo federal tivesse guiado suas ações ouvindo a ciência, mobilizando a sociedade, construindo estratégias com estados e municípios e assumindo sua responsabilidade de liderar e coordenar o esforço nacional de enfrentamento da pandemia.

O Presidente da República, após demitir dois ministros por discordarem de sua condução negacionista e irresponsável, entregou o Ministério da Saúde (MS) a um interino militar que nomeou dezenas de outros militares para cargos estratégicos no MS, em atitude ofensiva à saúde pública brasileira, que conta com técnicos e gestores experientes, dedicados e capacitados. O MS tornou-se uma instituição desacreditada e vista com reservas pela opinião pública, seja ao distorcer estatísticas oficiais, seja por aprovar protocolo que não se baseia em evidências científicas para o manejo da doença. A gestão militarizada do MS não trouxe nenhum ganho em eficiência logística e sequer tem sido capaz de adquirir os testes necessários ou de executar os recursos orçamentários disponibilizados, já que apenas 30% foram gastos até agora. O fato é que o governo federal abriu mão de seu papel constitucional de coordenação e condução do esforço nacional de combate à COVID 19 com evidentes prejuízos à capacidade do país em reduzir os impactos da doença.

O SUS tem sido fundamental para evitar uma situação de barbárie e caos social. Como explicar a resiliência do SUS apesar do desfinanciamento e seus problemas estruturais? Na prática, a partir da decisão do STF sobre a autonomia dos entes da federação no enfrentamento da epidemia, estruturou-se no país uma “autoridade sanitária alternativa” embora não formalizada enquanto tal, composta por governadores, prefeitos, sanitaristas e outros especialistas, entidades das áreas da saúde pública, da ciência, da medicina, partidos políticos, Congresso Nacional, Poder Judiciário e grande mídia; que vem se dedicando com grandes limitações ao enfrentamento da situação sanitária.

Não se trata apenas, de uma atuação equivocada ou incompetente do presidente e do governo federal. As decisões tomadas nos campos sanitário, econômico e social expressam uma lógica perversa que rege todo o governo e que subjuga as necessidades da população ao princípio da austeridade fiscal, indiferente aos danos que isso possa causar na vida das pessoas.

Que o governo federal assuma suas responsabilidades intransferíveis! Que o Ministério da Saúde seja devolvido à saúde pública! Que se ponha fim à omissão no enfrentamento da pandemia! Que possamos finalmente unir esforços e enfrentar de forma obstinada a pandemia de COVID-19 e seus graves efeitos sociais e econômicos, sobre a nação.

Alexandre Padilha
Arthur Chioro
Barjas Negri
Humberto Costa
José Gomes Temporão
José Saraiva Felipe
Luiz Henrique Mandetta

*Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo (17/07/2020)