Assembleia Geral da ONU suspendeu participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos

► 93 países votaram pela suspensão da participação da Rússia no UNHRC; este é o segundo caso na história
► Brasil se absteve na votação que suspendeu a Rússia do Conselho da ONU

A Rússia está temporariamente excluída do Conselho de Direitos Humanos da ONU – 93 estados votaram a favor. Vinte e quatro países votaram contra e outros 58 não votaram. Entre os que se opunham estavam a própria Rússia, Bielorrússia, Irã, Coreia do Norte, República Centro-Africana, Eritreia, Bolívia, Gabão e China.

O Kremlin afirmou anteriormente que sem a Rússia, o trabalho do Conselho de Direitos Humanos da ONU se tornaria inferior. Em toda a história do órgão, a adesão foi suspensa apenas na Líbia – sob Muammar Gaddafi.

O Brasil se absteve na votação que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, na reunião da Assembleia Geral da ONU desta quinta-feira (07/04).

A participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos da ONU foi temporariamente suspensa. Esta decisão foi tomada pela Assembleia Geral da ONU após uma votação.

93 países apoiaram a suspensão da adesão da Rússia. Entre eles estão os EUA, países da UE, Canadá, República Tcheca, Argentina, Ucrânia, Peru, Chile, Israel e Moldávia, Sérvia e Hungria.

Rússia, Bielorrússia, Irã, China, Quirguistão, Cazaquistão, Tadjiquistão, Uzbequistão, Síria, Vietnã, Zimbábue, Laos, Mali, Nicarágua, Eritreia, Etiópia, Cuba, República Democrática do Congo, RCA, Burundi, Bolívia, Coreia do Norte e Gabão se opuseram.

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Outros 58 países – entre eles Armênia e Azerbaijão, Brasil, Índia e Arábia Saudita – se abstiveram.

– A resolução foi aprovada – anunciou a Assembleia Geral da ONU após a contagem dos votos.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, agradeceu aos países que votaram “a favor” por sua posição.

A primeira proposta era excluir a Rússia do CDH da ONU no Senado dos EUA. No final de março, membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado – tanto democratas quanto republicanos – pediram ao presidente Joe Biden que apresentasse uma resolução à Assembleia Geral da ONU.

O representante do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, logo chamou essa iniciativa de “precedente perigoso”.

– Acreditamos que é hora da Assembleia Geral da ONU votar para remover [a Rússia] – disse a embaixadora dos EUA na organização Linda Thomas-Greenfield. Ela foi apoiada pela secretária de Relações Exteriores britânica Liz Truss, que culpou a Rússia pelos assassinatos de civis na Bucha ucraniana.

O Representante Permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, logo declarou que a situação era sem precedentes. “Isso não facilitará, não estimulará, não simplificará o que está acontecendo nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia”, disse o diplomata.

O secretário de imprensa do presidente da Federação Russa, Dmitry Peskov, disse que “o trabalho da unidade da ONU e das instituições da ONU é impensável sem a participação da Rússia; ele [o trabalho do CDH] se tornará simplesmente inferior”.

De acordo com a Foreign Policy, Moscou perceberá como um passo hostil a decisão dos países de apoiar uma resolução para excluir a Rússia do Conselho. Alertas, relata a revista, foram enviados a países da África, Ásia e América Latina.

Em toda a história do UNHRC, apenas um país foi excluído dele – a Líbia, em 2011, após a brutal repressão aos protestos do regime de Muammar Gaddafi. A decisão de remover a Líbia foi apoiada pelo então ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A adesão da Líbia foi restaurada oito meses depois, após a derrubada de Gaddafi.

O UNHRC é um órgão da Assembleia Geral que pode preparar recomendações no campo da proteção dos direitos humanos. Os membros do CDH “devem manter os mais altos padrões na promoção e proteção dos direitos humanos”.