por Roberto Elias Salomão *
Fosse a política econômica do Brasil a neoliberal dos governos do PSDB, Curitiba não estaria dando passo tão importante para se manter como cidade propulsora de desenvolvimento econômico e social.
O tema metrô tem sido um dos mais abordados nos debates sobre Curitiba há muitos anos. Isso desde o momento em que a capital paranaense deixou de ser um modelo de tranquilidade e passou a apresentar os problemas típicos de uma metrópole em crescimento, entre eles, em particular, o congestionamento das vias públicas.
Não faz tanto tempo assim. Quem conheceu Curitiba há 30 anos pode atestar que o tempo de deslocamento médio pela cidade só aumentou, que a insegurança se agravou, que o número de acidentes de trânsito se multiplicou, que os ônibus estão sempre cheios, que a eficiência e a credibilidade do sistema de multas tornaram-se cada vez mais nebulosos, que as pessoas ficam cada vez menos tempo em casa.
O modelo curitibano de transporte coletivo, que funcionou bem durante muitos anos, não da mais conta da demanda de uma cidade, de um estado e de um país que crescem tão rapidamente.
Nas últimas quatro campanhas eleitorais para a prefeitura, pelo menos, o metrô esteve presente nos discursos dos candidatos. Isso significa que há pelo menos 15 anos o assunto está no centro das atenções dos candidatos e dos prefeitos eleitos. No entanto, não se viu, em todo esse período, nenhuma ação concreta no sentido de viabilizar o metrô.
Por isso, a vinda da presidente Dilma Rousseff a Curitiba nesta semana assume uma importância não apenas administrativa, mas também simbólica. Dilma vem fazer o lançamento oficial do tão esperado metrô de Curitiba.
Do custo total da obra, orçada em mais de R$ 2 bilhões, a União entra com cerca de R$ 1,75 bilhão, quase 80% do custo total, enquanto o governo do Estado, Prefeitura e a iniciativa privada serão responsáveis pelo restante dos recursos. Um investimento deste porte merece algumas considerações.
à‰ digno de nota que o governo brasileiro, tal como na crise financeira internacional de 2008, recusa-se a seguir o receituário da ortodoxia econômica. O governo, tanto com Lula quanto Dilma, não cortou os investimentos sociais e de infraestrutura, os empregos continuaram sendo gerados (e quantos não virão com o metrô?), o país manteve o desenvolvimento e vem mostrando uma capacidade maior de enfrentar a crise do que Estados Unidos, Europa e Japão.
Fosse a política econômica do Brasil a neoliberal dos governos do PSDB, Curitiba não estaria dando passo tão importante para se manter como cidade propulsora de desenvolvimento econômico e social.
Outro ponto a se considerar é que o investimento que será feito no metrô ocorre a partir dos impostos arrecadados da população, os mesmos impostos custeadores dos programas que estão eliminando a pobreza no Brasil e alicerçando nosso futuro.
A população de Curitiba merece o metrô porque é trabalhadora e necessita melhores condições de vida e trabalho e também porque paga por este benefício com seus impostos.
O metrô de Curitiba nasce de atitudes concretas, de um governo empenhado com o social e com os projetos estratégicos do Brasil para as próximas décadas, muito mais do que dos discursos de ocasião.
* Roberto Elias Salomão é jornalista, ex-presidente do PT de Curitiba.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.