Andifes condena corte do MEC de 30% nas verbas das universidades


O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Reinaldo Centoducatte, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), declarou em entrevista ao jornal O Globo que “será um caos se 30% do orçamento for retirado das universidades”.

Centoducatte disse que a entidade foi pega de surpresa com a decisão do ministro da Educação, Abraham Weintreaub, de “punir financeiramente as instituições por ‘balbúrdia’ e baixo desempenho acadêmico”, bloqueando 30% da dotação orçamentária da UFF (Universidade Federal Fluminense), Unb (Universidade de Brasília) e UFBA (Universidade Federal da Bahia).

“Não temos como sustentar qualquer tipo de corte. Já vivemos um revés orçamentário há anos e em um sistema em expansão. Qualquer corte extra, como o anunciado pela imprensa hoje, irá afetar o funcionamento das nossas instituições”, declarou.

“As universidades não realizam qualquer tipo de ação contra ou a favor de qualquer posição política ou ideológica. São um espaço que permite a livre manifestação, então grupos podem realizar atividades a favor ou contra, inclusive das próprias administrações e políticas internas. Jamais proibimos qualquer tipo de manifestação. É preciso entender que existe isso dentro da sociedade, estamos em uma sociedade democrática e o direito de se manifestar é garantido constitucionalmente. Se há uma relativização sobre o direito de se manifestar dentro das universidades, é preciso verificar se essa vai ser a tática a ser adotada, porque isso fere o entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal (STF)”.

Para o reitor, “é impensável desprezar ou desconsiderar o papel das universidades federais em qualquer projeto de desenvolvimento para o nosso país. Não existe como. Há pouco tivemos, por exemplo, manifestações do governo federal questionando a quantidade e qualidade da produção científica das federais. Nos produzimos mais de 95% da Ciência, está comprovado, a própria Capes mostra que são as universidades públicas que fazem Ciência nesse país.

Sobre os cortes nas universidade, o presidente da Andifes afirmou: “Vai gerar déficit orçamentário e atividades do próximo ano serão suprimidas. Também temos que pagar pela limpeza, energia, vigilância, conta de telefone. Há um consumo que as universidades têm que arcar, hoje as terceirizações elevam o custeio. É importante frisar que as universidades federais não têm deixado de crescer mesmo com a restrição orçamentária atual. Inclusive com ofertas de novos cursos, ampliação de vagas, melhoria de instalações, equipamentos, laboratórios. Tudo isso tem um custo”.

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