A nova obsessão da Fiep: industrializar o interior do Paraná

* Campagnolo busca R$ 600 milhões para um banco de projetos

por Juliet Manfrin, via O Paraná

Campagnolo é um dos líderes da iniciativa que visa industrializar o interior do PR.
Um Fundo Rotativo de Projetos de Infraestrutura e Logística. à‰ isso que o G8, grupo composto pelas oito maiores Federações e Organizações do Paraná vai criar nos próximos meses. Nele serão depositados recursos vindos da iniciativa pública e privada com um único objetivo. Elaborar projetos para infraestrutura e logística.

Essa decisão foi tomada pelo grupo depois que seus integrantes estiveram no fim de 2011 em Brasília com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e foram informados que havia recursos disponíveis para duplicação das rodovias do Paraná, melhorias no porto e em outros setores e esse dinheiro ficou emperrado na capital federal porque não existiam projetos.

Temos um sério problema em infraestrutura e sabemos que a industrialização do interior não ocorre da forma como esperamos por esse motivo!, comentou o presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Luiz Campagnolo.

O assunto foi o principal na pauta da reunião realizada ontem pela manhã no parque tecnológico do Show Rural. Além de Campagnolo participaram o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná), Rainer Zielasko, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/Paraná, Jefferson Nogarolli, o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), Eliezer Fontana, o deputado federal Eduardo Sciarra e líderes regionais.
Como vai funcionar

Economia

O G8 estuda nesse momento os detalhes jurídicos para a criação do Fundo, mas ele deve funcionar da seguinte forma: serão capitaneados recursos nas próprias Federações, Organizações e Associações. O grupo vai procurar o governo do Estado para uma contrapartida. O presidente da Faciap, Rainer Zielasko, explicou que caso sejam levantados R$ 100 milhões, o governo federal vai custear mais R$$ 100 milhões.

O presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo, vai além. Comenta que o objetivo é arrecadar R$ 600 milhões para um banco de projetos. No momento em que alguma obra ou melhoria estiver para ser licitada, para não esbarrar na burocracia e o dinheiro não voltar para os cofres públicos, o projeto já estará pronto!,

O Fundo será rotativo porque no momento da licitação o dinheiro gasto para a elaboração do projeto será reembolsado. Isso permitirá com que façamos muitos outros projetos!, considerou Jefferson Nogarolli.

Exemplos

Entre os que podem ser incluídos para esse banco estão o do aeroporto regional e o que suprirá o gargalo da ferrovia entre Guarapuava e o porto de Paranaguá. Não é possível se desenvolver com um estado sua referência de transporte é o rodoviário!, criticou Dilvo Grolli.

As perdas anuais para a região, causadas por esse motivo, chegam a R$ 100 milhões. Para levar uma tonelada de produto de trem se gasta com transporte R$ 40, quando o trecho é rodoviário são R$ 80!.
A vez do interior

Para Jefferson Nogarolli, algumas prioridades devem ser estabelecidas. Entre elas, a infraestrutura e logística para o interior. A região Oeste já é desenvolvida, mas imaginem o que seria feito aqui e o que ela conquistaria caso houvesse melhoras nessas condições?!, questionou.

Priorizar o interior pode mesmo funcionar e ser viável. Segundo Rainer Zielasko, mais de a metade do G8 é liderada ou tem em seu quadro de dirigentes, empresários, industriais e líderes do interior. Alguns, como ele, do Oeste. Ninguém melhor do que essas pessoas para pensar e saber o que é necessário!, destacou.
Não ao bairrismo

A tônica da reunião não foi discutir onde na região seriam os melhores lugares para a implantação de novas indústrias. De forma coletiva, o grupo concordou que a instalação delas em qualquer município fará com que o Oeste todo se desenvolva e ganhe.
Caminho para a transformação

O Oeste quer abandonar de vez as exportações de produtos não processados, como os grãos, por exemplo. Esses projetos querem contemplar a transformação para agregar valores com foco no mercado interno, mas principalmente o externo.

Mesmo com todas as dificuldades, isso já está ocorrendo. A região fechou 2011 com um excelente desempenho na balança comercial do Paraná e os principais produtos na pauta de exportação foram a carne de frango ou de seus derivados. Considerando todos os produtos vendidos para fora, o aumento comparado a 2010 foi de 41% saindo de pouco menos de US$ 1 bilhão naquele ano e saltando para US$ 1,4 bilhão no ano passado.

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