Coluna do Jorge Bernardi: A mulher do marqueteiro e a corrupção

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Em sua coluna semanal, o vereador Jorge Bernardi (REDE) comenta a arrogância da esposa do marqueteiro João Santana ao ser presa pela operação Lava-Jato. Para Bernardi  o sorriso escrachado da mulher do marqueteiro, fazendo pose para os fotógrafos, é o reflexo da falência de nossas instituições. Segundo o vereador, o casal admitiu receber dinheiro sujo em campanhas como na angola. Leia, ouça, comente e compartilhe.

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Jorge Bernardi*

A entrada triunfal, com ar de deboche, ao chegar presa na Policia Federal, em Curitiba, de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, imitando as atrizes, no tapete vermelho da Festa do Oscar, demonstra todo o seu desprezo para com o povo brasileiro. Nas entrelinhas ela disse: “seus otários, eu sou poderosa, rica. Dinheiro não é problema. Logo sairei daqui e vocês continuarão ralando”.

O sorriso escrachado da mulher do marqueteiro, fazendo pose para os fotógrafos, é o reflexo da falência de nossas instituições, de um sistema político podre, onde impera a corrupção, o caixa 2, a apropriação criminosa dos recursos públicos para campanhas eleitorais.

E o que é pior, este é um produto nosso de exportação para outros países, da África e das Américas. O Brasil já possui multinacional da corrupção eleitoral, que transforma mentiras em verdades para enganar e fraudar a democracia.

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Mônica Moura e o marido admitiram que receberam dinheiro sujo de campanhas que fizeram em Angola, um dos países mais pobres do mundo. E quem pagou, a Odebrecht, empreiteira com tentáculos na Venezuela, Panamá e República Dominicana, entre outros países em que a dupla atuou. Com truques e efeitos especiais, eles enganaram milhões de pessoas com programas de televisão e elegeram seus candidatos.

O mesmo a dupla de marqueteiros fez no Brasil, elegendo até postes, vendendo candidatos como sabonete, maculando e vulgarizando o processo eleitoral, com fraudes e inverdades, apostando na desinformação e no desinteresse dos eleitores pela política.

O deboche de Mônica Moura soa como bofetão nas crianças cegas de Angola, que há mais de uma década, residem em Curitiba. Os marqueteiros confessaram, sem constrangimento, que na campanha presidencial angolana, receberam de forma ilícita, 50 milhões de dólares, ou mais de R$ 200 milhões de reais.

As crianças cegas de Angola, hoje adultos, vítimas da guerra civil, vieram a Curitiba em busca de atendimento médico e de uma oportunidade de vida. Ano passado elas deixaram de receber apoio do governo daquele país e, não fosse o empenho de professoras como Adenir Fonseca e Leomar Marquesini, e da Uninter, que lhes ofereceu emprego e bolsas para cursar faculdades, teriam retornado ao seu país sem perspectivas.

Mas os jovens angolanos cegos, mesmo com dificuldades, caminham para luz. E que dizer para as milhares de crianças brasileiras, panamenhas, dominicanas, venezuelanas e de Angola, que tiveram o futuro com dignidade destruído pelos crimes destes marqueteiros?

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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