Ratinho Junior promove nova farra publicitária de R$ 95 milhões enquanto servidores lutam por reposição salarial de 25%

Nas vésperas das eleições de 2022, o governo Ratinho Junior (PSD) pretende injetar R$ 95 milhões na propaganda. Segundo a oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), trata-se da maior farra publicitária dos últimos tempos. Enquanto isso, servidores públicos lutam pela reposição salarial de 25% cuja defasagem ocorre desde 2016 devido à inflação.

O deputado Requião Filho (MDB), em julho passado, já havia denunciado que o Palácio Iguaçu torrou cerca de R$ 63,7 milhões com propagandas na televisão, entre os anos de 2020 e 2021. Mas agora o valor será maior ainda, o que causou estranheza no parlamentar devido a proximidade das eleições.

Na manhã desta sexta-feira (19/11), no Palácio Iguaçu, uma audiência pública discute essa licitação de R$ 95 milhões para escolher cinco agências de propaganda.

“Queria entender a conta orçamentária do Ratinho em não poder aumentar salário de policial e de professor, mas poder aumentar em quase 50% os gastos com propaganda”, disse Requião Filho. “De 63 milhões reais agora serão R$ 95 milhões”, apontou o parlamentar.

Segundo Requião Filho, o ano eleitoral faz mágicas com o imaginário do governador Ratinho Junior.

“E o povo?”, pergunta o deputado para então responder em tom de protesto: “Paga a conta”.

Economia

Atualmente, o governo do Paraná é atendido pelas agências G/PAC, Master, TIF, Lua Propaganda e Vivas. Todas elas foram herdadas do último ano da gestão Beto Richa (PSDB).

Ratinho Junior realizará sua primeira licitação para a publicidade do governo, portanto. Até agora as “cinco irmãs” vinham renovando os contratos no limite da lei.

Servidores públicos vão às ruas na segunda-feira pela reposição salarial

Enquanto Ratinho Junior prepara uma nova farra publicitária, os servidores públicos se organizam para ir às ruas na segunda-feira, dia 22, reivindicar reposição da inflação nos salários. A manifestação é promovida pela APP-Sindicato, Fórum das Entidades Sindicais (FES) e a União das Forças de Segurança (UFS).

Sem a reposição da data-base desde janeiro de 2016, a defasagem salarial dos trabalhadores do estado já ultrapassou os 25% em maio deste ano.

Como a projeção da inflação já é de dois dígitos, a previsão dos economistas para 2022 coloca os salários com perdas acima dos 35%. O ato tem início a partir das 9h da manhã na praça Tiradentes, no centro de Curitiba, seguindo por um culto ecumênico e uma passeata até o Palácio Iguaçu.

“Nós estamos com um prejuízo salarial violento e todos percebem o descompromisso do governador Ratinho Junior com os servidores do estado. Então só na pressão podemos reverter esse quadro”, avalia o presidente da APP-Sindicato, Professor Hermes Leão.

Receita permite o reajuste

O projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) encaminhado à Assembleia Legislativa do Paraná em outubro, aponta a previsão de receita primária corrente de R$ 48,6 bilhões.

De acordo com a equipe econômica do FES, a perspectiva é que a receita atinja R$ 53,4 bilhões. A diferença entre a estimativa é de R$ 4,7bilhões.

Diferente do que alega ao funcionalismo sobre a arrecadação e viabilidade da data-base (a qual não está detalhada na LOA), Ratinho Junior e sua equipe pretendem aumentar de 12 bilhões de reais para 17 bilhões de reais as isenções fiscais para grandes empresários e setores do agronegócio.

A APP-Sindicato repudia a atitude do governador ao não prever a reposição da inflação pelo terceiro ano consecutivo e enfatiza que Ratinho Junior deve cumprir com a legislação e pagar a data-base para os trabalhadores, que já perderam 9,96 salários nesses 6 anos.

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