Fernando Haddad: Enem com a “cara do governo” é simplesmente ilegal

A remoção de questões na prova do ENEM, que se referia a contextos sociopolíticos ou socioeconômicos, ainda causa perplexidade nos educadores brasileiros.

Servidores do INPE (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) dizem que pediram exoneração depois que 20 questões foram censuradas na prova do ENEM. A aplicação da prova digital e impressa será nos dias 21 e 28 de novembro.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) elogiou a censura durante sua visita a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém está preocupado com aquelas questões absurdas do passado, de cair um tema de redação que não tinha nada a ver com nada. É realmente algo voltado para o aprendizado”, disse o mandatário.

O ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (16/11) que um Enem com a “cara do governo” é simplesmente ilegal.

“As universidades que adotam o exame podem inclusive questionar os itens que confrontam a pesquisa e a ciência. Não foi fácil construir a credibilidade acadêmica do Enem. Tomara que seja blefe. A conferir”, disse Haddad.

Economia

A presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputada Dorinha Rezende (DEM-TO), anunciou que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, será chamado para explicar sobre o Enem e o Inep.

A educadora Maria Inês Fini, idealizadora do Enem e ex-presidente do Inep, pediu ao Congresso Nacional uma investigação após o presidente Jair Bolsonaro dizer que as provas terão “a cara do governo”.

“Baseado em quê ele fez essa afirmação? Alguém vai ter que dizer o fundamento dessa afirmação. Tem que ter apuração jurídica”, questionou Fini em uma entrevista ao UOL.