Empresa japonesa usa minúsculos vermes para detectar câncer

A esperança da empresa –além de faturar alto, é claro– é ajudar a aumentar as taxas de detecção de câncer no Japão, que, como em muitos países, diminuiu durante a pandemia porque as pessoas evitaram ir ao médico.

Uma empresa japonesa de biotecnologia desenvolveu um teste que usa minúsculos vermes para detectar os primeiros sinais de câncer pancreático na urina.

Os cientistas sabem há muito tempo que os fluidos corporais de pacientes com câncer têm um cheiro diferente dos de pessoas saudáveis, e os cães são treinados para detectar a doença em amostras de hálito ou urina.

Mas a empresa Hirotsu Bio Science modificou geneticamente um tipo de verme chamado C. elegans – com cerca de um milímetro de comprimento e olfato apurado – para reagir à urina de pessoas com câncer de pâncreas, conhecido pela dificuldade de detectá-lo precocemente.

“Este é um grande avanço tecnológico”, disse à AFP o CEO Takaaki Hirotsu, ex-acadêmico que estudou esses minúsculos vermes conhecidos como nematóides.

A empresa sediada em Tóquio já usou esses vermes em alguns testes, embora não tenha especificado o tipo.

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O novo teste não tem como objetivo diagnosticar câncer de pâncreas, mas pode ajudar a reforçar os testes de rotina, já que as amostras de urina podem ser coletadas em casa, sem necessidade de ir ao hospital, disse Hirotsu em entrevista coletiva na terça-feira (16/11).

E se os vermes disparassem o alarme, o paciente seria encaminhado a um médico para mais exames, disse ele.

Sua esperança é poder ajudar a aumentar as taxas de detecção de câncer no Japão, que, como em muitos países, diminuiu durante a pandemia porque as pessoas evitaram ir ao médico.

Uso “promissor” de vermes no combate ao câncer

Mesmo antes da pandemia, os pacientes japoneses foram submetidos a exames de câncer com menos frequência do que muitos de seus colegas em países desenvolvidos, de acordo com dados da OCDE.

Hirotsu e a Universidade de Osaka explicaram as habilidades em detectar câncer em um estudo conjunto publicado no início deste ano na revista “Oncotarget”, cujos artigos são revisados ​​por pares.

Em outros testes realizados pela empresa, os vermes identificaram corretamente 22 amostras de urina de pacientes com câncer de pâncreas, incluindo pessoas nos estágios iniciais da doença.

Tim Edwards, professor de psicologia da Universidade de Waikato, Nova Zelândia, que estudou a capacidade dos cães de detectar o câncer de pulmão, disse que o uso dos vermes parecia “promissor”.

Edwards, que não tem ligação com a empresa japonesa, observou que, ao contrário dos cães, os vermes não precisam de treinamento para farejar o câncer em pacientes.

Daniel Kolarich, professor associado do Centro Australiano de Glicômica em Câncer, observou que a natureza “não convencional” do método pode ser “uma das razões pelas quais não recebeu mais atenção”.

“Pessoalmente, acho que devemos seguir qualquer estratégia sensata para desenvolver e identificar testes que nos ajudem a identificar o câncer o mais rápido possível”, disse ele à AFP.

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