O ex-presidente Luiz Inácio Lula na Silva (PT) citou o pedagogo Paulo Freire na entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, na quinta-feira (25/08). O petista disse que é preciso se juntar com os divergentes para combater os antagônicos.
– Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei para mostrar aos militantes do PT para falar da entrada do Alckmin: de vez em quando a gente precisa estar junto com os divergentes para combater os antagônicos. E agora nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da ultradireita – disse Lula, homenageando o educador que em setembro completaria 101 anos.
William Bonner, da bancada do JN, pressionava Lula sobre a escolha do ex-governador de SP Geraldo Alckmin (PSB) para a vice.
A jornalista Leilane Neubarth, apresentadora do GloboNews, ficou encantada com a entrevista de Lula.
– Uns citam Ustra, outros citam Paulo Freire – disse ela, recordando que o presidente cessante Jair Bolsonaro considera “um herói” o coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi durante a ditadura militar.
O pedagogo Paulo Freire foi homenageado pelo Google –“esse comunista”– em todos os países há um ano (19/09/201) pelo centenário de seu nascimento.
Brasileiro de Recife (PE), Freire é o intelectual mais lido, citado e estudado nas academias de todo o mundo.
Seu método de alfabetização segundo qual ‘a educação como prática da liberdade’ é festejado nos quatro cantos do planeta. Ele usava as experiências do sujeito e o fazia protagonista com as suas próprias experiências vividas.
Paulo Freire utilizou o método de alfabetizar e conscientizar jovens e adultos como prática da liberdade e do direito do homem se tornar cidadão do mundo, por isso é considerado um grande libertador.
A justa e importante homenagem do Google reconhece a importância de Paulo Freire de para a educação em todos os países do mundo e representa uma dura derrota para “anjos do ódio”, materializados nos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e no próprio mandatário.
Paulo Freire, presente!
Quem é Paulo Freire?
Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, Paulo Freire acreditava que o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno, levá-los a entender sua situação de oprimido e agir em favor da sua própria libertação.
Ao propor uma prática educacional que possibilitasse desenvolver o senso crítico dos alunos, Freire se opunha ao ensino oferecido pelas escolas tradicionais, no qual o professor deposita conhecimento em uma aluno receptivo, mas não participativo. Para ele, esse tipo de ensino matava nos educandos a curiosidade, o espírito investigados e a criatividade, o acomodando no mundo. Já a educação defendida por Freire tem a intenção de inquietá-los.
Para o professor, Paulo Freire propõe um papel diretivo e informativo, de forma que o mesmo não renuncie ao seu papel de autoridade em sala de aula. Para ele, o educador deve levar os alunos a conhecerem conteúdos sem tê-los como verdades absolutas. “Os homens se educam entre si, mediados pelo mundo”, dizia.
Segundo Freire, o aluno, alfabetizado ou não, chega a escola com uma bagagem cultural, que não pode ser colocada em posição de inferioridade ou superioridade frente a bagagem cultural do seu educador. Ele propõe que, em sala de aula, professor e aluno aprendam juntos através de uma relação afetiva e democrática, na qual todos tenham garantida a possibilidade de se expressarem.
O que é o ‘Método de Alfabetização’ Paulo Freire?
A valorização da cultura do aluno é o fundamento principal do processo de conscientização proposto por Paulo Freire e de seu método de alfabetização, inicialmente formulado para adultos. Esse método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos, o que Freire chama de palavras geradoras. “Tijolo” é um exemplo de palavra geradora para um trabalhador da construção civil. Identificadas às palavras geradoras, o professor apresenta, lado a lado, a palavra e sua representação visual. A partir daí, são estudados todos os mecanismos de linguagem associados àquela palavra geradora.
O método desenvolvido por Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas também que o aluno aprenda a “ler o mundo”. Ler a realidade e ser capaz de transformá-la. Para Freire, tudo está em permanente transformação e, por sua vez, o ser humano é um ser “histórico e inacabado” que, por consequência, deve estar sempre pronto a aprender. Este conceito, quando aplicado aos professores, coloca a necessidade de uma formação rigorosa e permanente.
Paulo Freire divide o processo de educação em três momentos. No primeiro, o educador investiga o universo em que o aluno está inserido, introduzindo a “cultura” do aluno dentro de sala de aula. O segundo é a exploração das questões relacionadas com os temas em discussão, conduzindo o aluno para além do senso comum, proporcionando uma visão crítica da realidade. Por fim, no terceiro momento, chega-se a etapa da problematização, na qual o conteúdo é dissecado e o aluno deve propor ações para superar impasses. Vencidos estes três momentos, o ensino proposto por Freire encontra seu objetivo final, a conscientização do aluno.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.