Bolsonaro “cagão” comete ato falho em bandeira branca com STF: “A harmonia entre eles não é vontade minha”

O presidente Jair Bolsonaro foi chamado de “cagão” nas redes sociais depois que ele arregou para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), 48 horas após as manifestações de 7 de setembro.

O Blog do Esmael identificou um “ato falho” na nota oficial do presidente na explicação da bandeira branca levantada para a corte máxima.

“Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”, disse. “A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”, afirmou Bolsonaro.

O ato falho, segundo Freud, é um ato que difere do seu significado do qual a intenção consciente do sujeito desejaria expressar.

Apesar do ato falho, que indica outra direção, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se sentiram traídos e falam em fim de jogo. O influencer Rodrigo Constantino e do youtuber Allan dos Santos, expoentes bolsonaristas, lamentaram a intermediação do ex-presidente Michel Temer (MDB).

“A nota do Temer foi para mostrar que o povo não deve exercer seu poder diretamente. Não votei no Temer”, critico Allan dos Santos, enquanto Constantino disse que “Dia 7: multidão nas ruas com pauta patriótica condenando o arbítrio. Dia 9: Bolsonaro elogia China como essencial e pede desculpas ao STF. Game over”.

Economia

Bolsonaro pediu desculpas para o STF, disse que falou o que falou no calor das discussões e conversou com Alexandre de Moraes.

Repercussão da nota de recuo de Bolsonaro

“A nota que Bolsonaro divulgou há pouco é a rendição mais ridícula e humilhante de um presidente em toda história mundial. E a prova de que ele não tem mais autoridade política nem moral de governar o país”, disse Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República. “Só uma coisa é certa: este homem acaba de produzir a mais sensata insensatez de toda a história política brasileira. E um insensato deste calibre não pode continuar presidente, pois é um risco permanente para o país.”

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), perguntou quanto tempo vai levar para Bolsonaro produzir uma nova crise, prejudicar ainda mais o país e em seguida pedir arrego? “O país já aguentou três anos dessa estupidez. Não é o bastante? Fora!”, comentou.

Alvíssaras, sugeriu o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid. “O dia 09.09 é histórico. Dia que Bolsonaro fez autocrítica sobre a China. E dia que ele recuou na tensão com outros poderes. Se for ato genuíno é louvável. Se for jogada para liberação do recurso de precatórios para programas eleitoreiros em 22, é lastimável. Estaremos alerta!”

O ex-governador do Paraná, Roberto Requião, disse que Bolsonaro tomou remédio e amarelou. “Chamou Temer, que redigiu carta de perdão ao Judiciário. Tudo isto ocorreu no picadeiro do circo em que se transformou a república! Pano rápido!”, tuitou.

Para Guilherme Boulos, líder do MTST, a carta de Bolsonaro só confirma o que todos sabíamos: o golpismo é resultado do medo da cadeia. “Tem gente que ama ilusões. Acharam que Guedes e Moro conteriam Bolsonaro. Depois, seria o Lira. Agora, apostam no Temer. Não é a primeira vez que Bolsonaro recua. Sempre avançou novamente. Ele não vai parar sozinho. Só com Impeachment. Não há outra forma de sair deste pesadelo”, avaliou.

“Solução pra quem diz que não vai respeitar decisão do STF, ataca o processo eleitoral e a Constituição não é notinha de desculpas. É impeachment e cadeia”, propõe Boulos.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que ninguém estressa instituições e ameaça democracia só pelo “calor do momento”. “Natureza de Bolsonaro é golpista, antidemocrática. Bom que diga que recuou, mas seus ditos e desditos não inspira menor confiança. Temos de manter a defesa permanente da democracia diante do risco que ele é”, opinou a dirigente petista.

Nota Oficial – Presidente Jair Bolsonaro – 09/09/2021

Declaração à Nação

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA

Jair Bolsonaro
Presidente da República Federativa do Brasil

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