As Forças Armadas comunicaram que não haverá desfile cívico-militar neste 7 de setembro de 2021, em Brasília. Este é o segundo ano em que o Ministério da Defesa suspende o tradicional evento por causa da pandemia da Covid-19.
Os militares juram que a suspensão do tradicional desfile nada tem a ver com a crise política envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nem com o fiasco da Operação Formosa, no dia em que o Congresso enterrava a PEC do Voto Impresso e os parlamentares aproveitam a cortina de fumaça –provocada pelos taques a lenha– para tirar mais direitos com a minirreforma trabalhista [PEC 135], agora semiescravizando a juventude.
O Dia da Independência do país costumava ser celebrado em Brasília com a apresentação das forças militares na esplanada dos ministérios, com a presença de autoridades dos três poderes e de público. Nesse ano, porém, algumas personagens estão proibidas de chegar perto da Praça dos Três poderes por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, porque ameaçaram invadir e quebrar a corte e o Congresso.
Em nota, o Ministério da Defesa afirmou a data será comemorada no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, com restrição de espectadores. Ou seja, confirma a tendência de reclusão do presidente Jair Bolsonaro.
O evento “privado” será coordenado pela Presidência da República e está previsto apenas uma cerimônia de hasteamento da bandeira pelas Forças Armadas, e “zefini” [do francês “c’est fini“].
No entanto, para manter o que restou de sua fanática torcida, Bolsonaro promete participar de manifestações no 7 de setembro pelo impeachment de ministros do STF, do TSE, a favor do voto impresso e do golpe militar, portanto, contra o Congresso, contra a imprensa livre e contra as instituições democráticas.
Em audiência na Câmara dos Deputados, na terça-feira (17/08), o ministro da defesa, Braga Netto, informou, contudo, que não há impedimento de eventos militares em outras unidades da federação, mas ressaltou que não há previsão de desfiles.
No ano passado, mesmo com as restrições devido à pandemia, a solenidade contou com exibição da Esquadrilha da Fumaça e da Banda do Batalhão da Guarda Presidencial, o que atraiu muitas pessoas até a frente do Palácio da Alvorada.
Ou seja, não há clima para comemorar a independência porque Bolsonaro e setores dos militares deixaram o país cada vez mais dependente da especulação financeira e dos interesses estrangeiros. Além disso, há uma evidente divisão nas Forças Armadas cujos indivíduos que defendem o “autogolpe” foram marginalizados pelos oficiais da ativa.
Mas há que fazer um registro importante! Os banqueiros ainda estão comemorando a “Independência do Banco Central“, pois de agora em diante esses magnatas podem fazer o que bem entender sem o incômodo de brasileiros ou de instituições da República.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.