Reverendo tentava comprar para Bolsonaro “vacina sagrada” com propinas

O reverendo Amilton Gomes de Paula tentou adquirir “vacina sagrada” da AstraZeneca com propina em nome do governo Jair Bolsonaro, de quem tinha carta branca, segundo o Jornal Nacional, da TV Globo, edição de segunda-feira (5/7).

O reverendo bolsonarista é da Senah, Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, uma entidade de direito privado, não-governamental, que negociava com o laboratório como representante do Ministério da Saúde.

Segundo a reportagem da Globo, o Lauricio Monteiro Cruz, o diretor de Imunizações da Saúde, foi o reverendo ligado à Igreja Batista que levou a proposta da Davati para a venda de 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca.

Ao telejornal, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, adiantou que irá requerer à comissão nesta terça-feira (6/7) a convocação do reverendo e representantes da atravessadora Davati, que intermediava a venda de vacinas da AstraZeneca.

“Se por um lado a Pfizer manda mais de 100 e-mails, manda carta para o presidente da República, para o vice-presidente, para o ministro da Economia, para o ministro da Casa Civil, para o Ministério da Saúde, para o embaixador nos Estados Unidos, e não tem nenhuma resposta, com a interferência do reverendo e o Dominguetti, chega dentro do Ministério da Saúde para tratar sobre vacina com a cúpula do governo federal e depois ainda tem um jantar com pessoas que estão ali envolvidas na compra de vacinas. Eu acho que a frente maior agora é a corrupção na compra de vacinas”, disse Omar.

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Os senadores da CPI deixam claro que não estão investigando as vacinas, mas sim a picaretagem do governo com atravessadores que negociavam propina em nome do Ministério da Saúde.

Economia

O JN registrou que, pela primeira vez, o presidente Jair Bolsonaro foi citado nas mensagens trocadas no e-mail pelo policial Luiz Paulo Dominguetti, que negociava a compra de 400 milhões de doses de vacinas;

“Já houve três reuniões. Na última sexta-feira com o secretário Franco e um coronel. O dono da Davati enviou e-mail pessoalmente. Segundo informações, o próprio presidente Bolsonaro já foi informado das vacinas”, diz Dominguetti em uma das mensagens no celular do policial. Ele depôs à CPI e teve o celular apreendido para perícia.

Acompanhe ao vivo a sessão da CPI da Covid desta terça, 6/7

A #CPIdaPandemia ouve Regina Célia Silva Oliveira, servidora do Ministério da Saúde, fiscal do contrato com a Bharat Biotech para fornecimento de 20 milhões de doses da vacina Covaxin.