Bolsonaro pode cancelar a eleição de 2022? Ele tem força para isso, a julgar pelas últimas bravatas?

Jair Bolsonaro já pode ser considerado o mais bravateiro de todos os presidentes que a República já teve. Não há disputa. Nesse quesito, ele é “hors concours“.

Nesta sexta-feira (09/07), ainda com crise de soluços [“hic”], o mandatário ameaçou não entregar a faixa presidencial para o próximo eleito. Ele se referia ao ex-presidente Lula, líder em todas as pesquisas de opinião, enquanto aumenta a impressão de que o governo Bolsonaro chafurda na lama da corrupção.

“Já tá certo quem vai ser presidente ano que vem. A gente vai deixar entregar?”, disse Bolsonaro, à luz do Datafolha que aponta vitória do petista já no primeiro turno.

Em um eventual segundo turno, Lula teria 58% contra 31% de Bolsonaro –embora a ida do presidente Bolsonaro para a segunda etapa hoje seria mais impossível que um rico ir para o reino dos céus.

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“Já tá certo quem vai ser presidente o ano que vem. A gente vai deixar entregar?”, insistiu o mandatário da República, em conversa com apoiadores no cercadinho, na saída do Palácio da Alvorada, residencial oficial.

“A cada dia que passa, vocês estão se conscientizando. Não se justifica. Então, nós temos que conscientizar quem tá do nosso lado. Se as eleições fossem honestas, por causa da tecnologia, por que o mundo não adota? Tá na cara que aqui é voltar a quadrilha de sempre para o poder.”

Economia

O voto impresso virou mantra e futuro pretexto para a falta de popularidade. O presidente paga o preço por governar para os banqueiros e endinheirados, deixou mais de 500 mil brasileiros morrerem por falta de vacina, privatizou empresas e deixou de ajudar dignamente pessoas em situação de vulnerabilidade.

Por causa de pesquisas desfavoráveis, Bolsonaro ficou transtornado na quinta e hoje bravateou novamente dizendo que não irá realizar as eleições de 2022.

‘Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições’, declarou Bolsonaro, embora não seja a Presidência da República o órgão responsável para organizar as eleições. Cabe ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pelo ministro Luís Roberto Barroso, comandar a disputa eleitoral no País.

“Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, repetiu a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

“Já notaram que a cada nova pesquisa eleitoral, o genocida surta um pouco mais? Curioso, pq ele diz não acreditar nelas, né? Hoje xingou o presidente do TSE, atacou de novo as urnas, voltou a falar em fraude, mas provar que é bom, nada. É o velho disco arranhado de sempre”, disse a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores.

Apesar das últimas bravatas, o presidente Jair Bolsonaro se transformou num tigre de papel. Cada vez mais isolado, inclusive nas forças armadas, ele terá de lutar para terminar o atual mandato.