Bolsonaro sabotou compra de vacina por metade do preço nos EUA e na Europa

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter sabotado a compra de vacinas pela metade do preço nos Estados Unidos e na Europa.

“Brasil podia ter vacinado antes e pago metade do preço por doses se Bolsonaro não tivesse ignorado oferta da Pfizer. EUA, Reino Unido e UE pagaram o dobro. Pazuello alegou que U$ 10 era caro e o país pagou com mortes e fechamento de negócios. Não custa lembrar, foram 53 emails”, indignou-se a dirigente petista em seu Twitter.

Em agosto de 2020, a oferta de U$ 10 por cada dose da Pfizer foi considerada cara pelo então ministro Pazuello. Atraso de oito meses custou milhares de vidas e quebrou a economia.

Além dos mais de 50 e-mails com ofertas de vacinas da Pfizer ignorados pelo governo Bolsonaro, o Brasil também deixou de adquirir o imunizante pela metade do preço que foi vendido nos EUA e na Europa. Então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello considerou, em agosto de 2020, o valor de U$ 10 cada dose do imunizante muito caro. À época, a empresa ofereceu 70 milhões de doses ao governo brasileiro.

Por causa da condução desastrosa do governo, que resultou em um atraso de oito meses entre a primeira oferta e a chegada das primeiras doses, o Brasil deixou de salvar milhares de vidas e quebrou a economia. De acordo com dados da Folha de S. Paulo, tanto os EUA quanto o Reino Unido já vacinaram perto de 40% de suas populações com duas doses podendo, portanto, retomar a atividade econômica.

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Com o programa de vacinação caminhando a passos de tartaruga, atividade econômica do país paralisou. Os indicadores sociais fizeram o país retroceder uma década e meia, com aumento da fome e da pobreza extrema. O desemprego atinge quase 15 milhões de trabalhadores.

“Qualquer que fosse o preço da vacina oferecida ao Brasil, valeria a pena”, afirmou o infectologista Eder Gatti, em entrevista ao jornal. “Seja pelo impacto em vidas, pelas colossais perdas de uma economia fechada ou o custo de R$ 1.500 ao dia de um paciente internado em uma UTI Covid”.

“O Brasil perdeu uma chance de ouro de emplacar logo com a Pfizer a preços convenientes”, disse o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Lotufo, também em declaração à Folha.

“A Pfizer percebeu que estaria na frente [na corrida das vacinas], mas precisaria muito do Brasil porque seria um local de aplicação imediata, uma vitrine maior do que Israel acabou sendo, com a vantagem de o SUS ser bom pagador e único no país”, observou professor.

Israel pagou o equivalente a U$ 23,50 a dose e já imunizou mais de 60% da população.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), arremata a discussão das vacinas da seguinte forma:

“Bolsonaro recusou comprar vacina Pfizer com 50% de desconto e o jovem desmatador Ricardo Salles comprou mansão no bairro mais arborizado de SP avaliada em R$ 15 milhões. Só o impeachment nos salva deste desastre de governo!”