Uma semana difícil para os paranaenses, por Enio Verri

Por Enio Verri*

  • Estamos passando por mais uma fase delicada em que a consciência coletiva é necessária

Não tem como não refletir sobre as notícias divulgadas no Paraná nos últimos dias. O Estado passa novamente por uma situação delicada com a crescente dos números da pandemia de Covid-19. A lotação de leitos de UTI está acima de 90%, a fila de espera por uma vaga para internação, tanto de UTI quanto para leito clínico, passou dos mais de mil pacientes. O que gera unidades básicas de saúde ou de pronto atendimento também cheias. Além do esgotamento das equipes dos profissionais de saúde e demanda também maior por medicamentos, insumos, como o kit intubação, por exemplo.

Estamos na frente no pior aspecto. O Paraná lidera a taxa de transmissão no País, com média de 1,14, ultrapassando a média nacional, de 1,03. Quando esse indicador fica acima de 1, significa que estamos em uma fase de transmissão da doença mais acelerada.

Contabilizamos mais de um milhão de casos de pessoas infectadas pelo vírus. Mais de 25 mil famílias perderam um parente, um(a) filho(a), um pai, uma mãe ou avós. Só em maio, até agora foram registrados mais de 100 mil novos casos.

Estamos em alerta e não podemos facilitar nesse momento. É hora, sim, de ficar em casa e de apoiar medidas restritivas. O governador Ratinho Júnior esperou demais para voltar a impor ações mais efetivas. O decreto com ampliação do toque de recolher é acertado, mas poderia ter chegado antes. A volta às aulas sem vacinação de professores e funcionários da Educação Estadual foi um risco muito grande, avaliado com uma pressa desnecessária.

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A fila de espera por uma transferência para um leito para tratamento de Covid no Paraná cresceu 265%, desde o início do mês de maio. Um aumento que acarreta outro problema, a suspensão das cirurgias eletivas por 30 dias no Estado.

Economia

Conhecemos todas essas implicações e a luta no Congresso Nacional tem sido incansável. Aprovamos recursos para Estados, temos defendido que as medidas recomendadas, desde o início da pandemia, pela Organização mundial da Saúde sejam respeitadas. Mas os cuidados de todos e todas precisam ter continuidade. Principalmente dos governantes. Não dá para sustentar achismos e a política na negação à ciência. As pessoas estão em luto constantes com as perdas familiares e não aguentam mais.

Precisamos também de políticas de ajuda emergencial para apoiar aqueles mais prejudicados com as medidas de restrição. A economia também sofre com os impactos da pandemia, que se estende sem previsão de redução. Os mais vulneráveis estão em situação de miséria, passando fome. O Estado deve cumprir seu papel de amparar essa parcela da população com urgência.

Diante de tudo isso, mais do que nunca, é preciso cobrar a reposição de medicamentos, equipamentos e insumos para tratamento para a Covid-19. Além de aumentar a pressão por mais vacinas no nosso Estado. Estamos atrasados, com a população do Paraná correndo um risco, que poderia ter sido evitado. A vacina ainda é o único caminho para melhorar todo esse quadro e nos dar esperança novamente.

*Enio Verri é deputado federal (PT-PR) e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).