Túlio Gadêlha e Goura, do PDT, vão ao STF contra a destruição do meio ambiente por Bolsonaro

  • Parlamentares pedetistas entram com mandado de segurança no Supremo para interromper tramitação de PL que desmonta regras do licenciamento ambiental

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) e o deputado estadual Goura (PDT-PR) entraram no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (14/5), com mandado de segurança com pedido de liminar de urgência, para interromper a tramitação do projeto de lei 3729/2004, o qual flexibiliza as regras de liberação de licença ambiental. O PL foi aprovado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (13/5) e segue para o Senado Federal. Os parlamentares requerem a suspensão da tramitação até que o Poder Legislativo promova consultas, debates e diálogos necessários com a sociedade acerca das mudanças a serem implementadas pela nova Lei de Licenciamento Ambiental.

Segundo o parlamentar pernambucano, entre vários males que a proposta vai ocasionar ao meio ambiente, a medida foi aprovada sem a necessária consulta aos povos indígenas e quilombolas, que serão diretamente afetados. “Queremos amplificar os debates acerca do que se busca regulamentar, sobretudo com os povos indígenas e quilombolas. Nossa intenção é que o PL somente volte a tramitar após consultas aos setores envolvidos na discussão”, explicou.

Ainda de acordo com o pedetista, o projeto de lei exclui a análise de impacto e adoção de medidas para prevenir danos sobre todas as terras indígenas, que não foram efetivamente demarcadas e todos os territórios quilombolas, que ainda não foram titulados. “Isso é muito grave. As consequências da devastação ambiental nessas áreas atingirão o direito de toda sociedade a viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado”, destacou Gadêlha.

Para o deputado estadual Goura (PDT-PR), “esse PL é a maior de todas as boiadas do Governo Federal. Enquanto o mundo avança na economia verde, no respeito ao meio ambiente e aos povos originários, como preconiza os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), o projeto vai na contramão de tudo isso e legaliza a destruição”, argumenta o parlamentar que é presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná. “É um crime contra a humanidade que precisa ser parado”, complementa.

Goura é autor do mandado de segurança porque, além de ser um parlamentar ecossocialista, ele é do Paraná assim como Sergio Souza (MDB-PR), da bancada ruralista na Câmara.

“Agora a lei que permite a destruição sistemática da natureza, comandada pelo deputado interventor na presidência do MDB do Paraná”, emendou o ex-senador Roberto Requião, pré-candidato ao governo do Paraná. Requião flerta com o PDT.

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Emendas apresentadas

O deputado pernambucano chegou a apresentar duas emendas à proposta. Uma delas manteria a responsabilização solidária dos financiadores de projetos e empreendimentos por danos causados ao meio ambiente e a outra garantiria a competência dos órgãos nacionais para liberar a licença ambiental, evitando que estados e municípios tenham esse poder. “Esses territórios podem ser estimulados a afrouxar suas regras para atrair empreendimentos”, justificou. Porém, as duas propostas apresentadas pelo parlamentar foram rejeitadas pela relatoria.

A proposta das novas regras baseou-se na argumentação de que a burocracia imposta pelos órgãos reguladores são os principais responsáveis pelos atrasos nas obras. “Entretanto, é um duro ataque ao meio ambiente e à imagem do País no exterior”, argumenta o deputado federal.

A exigência para a mudança das regras de licenciamento ambiental partiu de produtores rurais e do setor econômico que classificam as normas em vigor como burocráticas e lentas. Por outro lado, segundo ambientalistas, a alteração na lei significa um massacre ao meio ambiente.

O PL 3729/2004 revoga o artigo 10º da Política Nacional de Meio Ambiente, o qual exigia das empresas, potencialmente poluidoras, a licença prévia ambiental. Ainda tira a obrigatoriedade de licenciamentos para uma série de empreendimentos. “O que está acontecendo é gravíssimo e as consequências são inestimáveis”.

O PL foi denominado de Lei da Não Licença ou do Autolicenciamento, pois desmonta a Lei de Licenciamento Ambiental, principal e mais consolidado instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, destinado ao controle prévio da poluição e outras formas de degradação ambiental decorrentes das atividades humanas.

O texto aprovado, de acordo com ativistas ambientais, vai provocar impactos socioambientais graves, podendo resultar, inclusive, com o crescimento do número de tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho (MG).