Pedágio ainda opõe deputados ao governador Ratinho Junior no Paraná; entenda a encrenca

O governador Ratinho Junior (PSD) ficou mais de um ano em silêncio sobre o modelo de pedágio que a União quer impor ao estado, o híbrido, que consiste na maior tarifa para o usuário. Nesse período, quase a totalidade da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) foi à luta pelo menor preço, realizou audiências públicas, mobilizou a sociedade para discutir esse tema fundamental para a economia paranaense.

Dito disso, causou surpresa e espanto um vídeo distribuído por Ratinho Junior neste fim de semana tentando capitalizar a suposta resolução do problema. Em nenhum momento ele agradece aos 54 deputados da ALEP, sequer cita a Frente Parlamentar sobre o Pedágio, liderada pelos deputados Arilson Chiorato (PT), Luiz Claudio Romanelli (PSB), Tercílio Turini (Cidadania), Mabel Canto (PSC), Soldado Fruet (PROS), Evandro Araújo (PSC) e tantos outros que merecem homenagens.

Para quem está chegando agora à notícia, dá a impressão de que o governador Ratinho Junior resolveu tudo sozinho, que não houve um esforço coletivo. Em síntese, Ratinho Junior se coloca como o “pai da criança” que ainda não vingou.

Embora Ratinho diga que está “tudo resolvido”, a ALEP desconfia do Palácio Iguaçu. Nas audiências públicas de Maringá e Jacarezinho, nessa semana, os parlamentares permaneciam incrédulos com o suposto acerto com o governo federal. Eles destacaram a “combatividade” do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, que, devido sua formação militar, não costuma recuar de suas posições, etc.

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Durante o cafezinho na audiência de Maringá, por exemplo, os parlamentares recordaram que o governador sequer era recebido pelo ministro. Numa das idas a Brasília, há dois meses, Ratinho foi atendido dentro do elevador por Tarcísio –evidência de fraqueza política e, o que comoveu, desrespeito com o governador do Paraná.

“Não é só a licitação pelo menor preço o objetivo desta Frente. Queremos também rediscutir as novas 15 praças de pedágio, o degrau tarifário e o prazo contratual de 30 anos. Não queremos que os erros do antigo contrato aconteçam novamente”, avisou o deputado Arilson Chiorato, coordenador da Frente sobre o Pedágio. “Também não queremos a taxa de outorga”, disse.

Economia

Outro ponto fundamental nessa discussão é o condicionamento da participação das concessionárias de pedágio ao cumprimento do atual contrato, que termina em novembro. As pedageiras não fizeram as obras previstas, que, segundo os deputados Arilton Chiorato e Requião Filho (MDB), deram prejuízo de R$ 10 bilhões aos usuários das rodovias paranaenses.

O artifício de leilão na B3, a bolsa de valores, permite que consórcios com nome de fantasia sejam formados para driblar as proibições. A deputada Mabel Canto, recentemente, denunciou uma manobra administrativa do governo do estado para habilitar as concessionárias inadimplentes com o povo do Paraná. Uma dessas empresas conseguiu ganhar a licitação do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR).

Como se vê, a questão do pedágio continua opondo deputados ao governador e está longe de estar resolvida.