Paredão: Mandetta tentará se vender como anti-Bolsonaro na CPI da Covid

  • Mandetta é mais uma tentativa do establishment encontrar uma alternativa a Bolsonaro em 2022

O senado está encarando o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), nesta terça-feira (4/5), como uma final do BBB 21, o paredão do Big Brother Brasil, tudo filmado ao vivo para que o espectador não perca nenhum lance. O Blog do Esmael vai transmitir a sessão para o Brasil e o mundo.

Encarnando o anti-Bolsonaro, Mandetta será o primeiro a prestar depoimento na CPI da Covid amanhã e o governo trabalha agora para tentar evitar que o ex-ministro use a comissão parlamentar de inquérito no Senado como palanque eleitoral para 2022.

Se passar no paredão do BBB no Senado, Mandetta poderá se viabilizar como candidato da “terceira via”, isto é da velha mídia corporativa e dos bancos, contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

A tese desses setores –bancos e mídia– consiste numa descompressão dos extremos para evitar a polarização Bolsonaro vs. Lula em 2022. Mandetta, se provar capacidade na CPI da Covid, pode ser adotado para essa empreitada eleitoral.

O establishment financeiro e midiático brasileiro faz um experimento com Mandetta porque está a procura de uma personagem anti-Bolsonaro, haja vista a avaliação de que o PT, seja com o ex-presidente Lula ou o ex-prefeito Fernando Haddad, estará no 2º turno das eleições 2022.

Leia também

Economia

É nesse contexto, de pré-campanha presidencial, que o Palácio do Planalto montou uma força-tarefa com o intuito de levantar dados a serem usados nas audiências mobiliza servidores da Casa Civil, da Secretaria de Governo, da Secretaria-Geral e da Secom (Secretaria de Comunicação)​.

Integrantes do grupo de trabalho do Planalto admitem que estão promovendo um pente-fino na gestão de Mandetta, hoje desafeto do presidente Jair Bolsonaro. Portanto, o confronto Mandetta x Bolsonaro promete movimentar os bastidores da política.

A tática do governo é restringir as perguntas feitas a Mandetta ao período em que ele esteve à frente da Saúde, para evitar, segundo governistas, que o ex-auxiliar se transforme em uma espécie de comentarista político de ações tomadas por Bolsonaro após sua saída do cargo.

“O ex-ministro e o atual devem responder sobre seus períodos no ministério. Quando estava à frente, como fez? Qual o resultado?”, antecipa o senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos principais nomes da tropa de choque governista na CPI da Covid.

O Palácio do Planalto planeja apresentar Mandetta como sócio da estratégia inicial de enfrentamento à Covid da administração Bolsonaro, o que diminuiria sua credibilidade como crítico de medidas tomadas pelo presidente.

Nesse sentido, o plano é ainda instruir a tropa de choque do governo a evitar ataques ao ex-ministro e só partir para a ofensiva caso ele adote um tom incisivo contra Bolsonaro. Por seu lado, Mandetta só tem uma saída, se quiser viabilizar para 2022: tomar a iniciativa e ir para o ataque.

Se Mandetta não sobreviver ao paredão no BBB da CPI da Covid, ao que tudo indica irá naufragar, o establishment tende apostar suas fichas noutro cavalo: o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que recentemente contratou o ex-marqueteiro do PT João Santana.

Veja o cronograma de depoimentos na CPI da Covid

  • Luiz Henrique Mandetta (terça-feira, 04.05)
  • Nelson Teich (terça-feira, 04.05)
  • General Eduardo Pazuello (quarta-feira, 05.05)
  • Marcelo Queiroga (quinta-feira, 06.05)
  • Antonio Barra Torres (quinta-feira, 06.05)