O preço da inconsequência, por Arilson Chiorato

Por Arilson Chiorato*

A pandemia da COVID-19 escancarou o quanto a escolha de 2018 foi um erro na história do Brasil e para a vida dos brasileiros e brasileiras. É fato que atravessar uma pandemia é uma situação árdua, seja em qualquer país ou em qualquer Governo. A questão é que no Brasil e com Bolsonaro e seus aliados em diversos estados, como no Paraná, essa situação árdua se torna ainda mais difícil.

Na véspera de completar 450 mil óbitos para a COVID-19, o presidente em vez de utilizar sua visibilidade para prestar homenagens às vítimas e familiares, conscientizar sobre a importância das medidas de proteção e propor medidas econômicas emergenciais para trabalhadores e empresários, preferiu atuar exatamente ao contrário, promovendo aglomerações, não fazendo uso de máscaras e voltando a questionar o isolamento social.

Entendo que existem duas frentes de inconsequência neste momento que estamos vivendo, a primeira é o próprio resultado das urnas em 2018, que nos trouxe a essa situação deplorável. Porém, é verdade que muitos foram ludibriados com a disseminação em massa das notícias falsas, e levados pelo ambiente hostil e o imaginário social alinhado a uma narrativa falaciosa, construídos há décadas para criminalizar a esquerda, o PT e os Governos petistas.

Votar baseado pelo ódio, seja consciente ou não, é uma atitude inconsequente. A política baseada no ódio não é saudável para a sociedade e a democracia, infelizmente precisamos passar por tanto sofrimento para que muitos se dessem conta e pudessem enxergar o erro de ter digitado 17 nas urnas em 2018. Muitos, inclusive, só se deram conta quando perderam seus familiares e associaram à falta de interesse do Governo em adquirir vacinas e garantir proteção aos cidadãos.

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O que entendo como outra frente de inconsequência é a falta de atuação do Governo Federal frente a pandemia, ou melhor, a atuação consciente e planejada que tem como interesse tornar a situação ainda mais caótica. O presidente e a cúpula do Governo estão empenhados em confundir a população brasileira, dando declarações e depois dizendo que nunca afirmaram tal coisa; questionando a Ciência; criticando as orientações da Organização Mundial da Saúde; e tantas outras questões que fizeram o Brasil se tornar vergonha internacional.

Economia

O jornal britânico The Guardian, considerou a manifestação pública deste domingo (23/05) como “obscenidade”. O presidente reuniu milhares de apoiadores, que não faziam uso de máscara de proteção individual e nem respeitavam o distanciamento social. Jair Bolsonaro, novamente, utilizou como tática a reprodução de comportamentos fascistas. Em outro momento o presidente já citou frase de Mussolini, promoveu aglomerações em praia para transparecer um perfil popular e, por último, promoveu uma manifestação com motociclistas, o que o fascista Mussolini também fez nos anos 1930.

O presidente atua de forma planejada, buscando ofuscar o que realmente importa, tentando chamar a atenção para si, quando a questão central são as centenas de milhares de óbitos, as milhões de famílias em insegurança alimentar e os milhões de desempregados que aumentam a cada dia. A inconsequência do presidente é premeditada, é um projeto política que tem a intenção de perturbar e confundir as pessoas.

O que aconteceu ontem, além de ter diversas implicações com o desrespeito de algumas Leis, é também um crime contra a vida, pois há menosprezo pela Ciência, há incentivo contra as medidas de segurança e desrespeito aos doentes e mortos. As cenas são revoltantes, qualquer cidadão consciente do momento que vivenciamos fica indignado com as imagens da barbárie que aconteceu no Rio de Janeiro. Este infelizmente é o retrato do Brasil, que precisa mudar, que deve voltar a devolver esperança para o povo brasileiro.

*Arilson Chiorato é Deputado Estadual, Presidente do PT – Paraná e Mestre em Gestão Urbana pela PUC-PR.