- Brasil chegou a 411.588 mortes na pandemia potencializada pelo negacionismo
O ator e humorista Paulo Gustavo, de 42 anos, foi um das 2.966 vítimas que nesta terça-feira (4/5) entraram nas estatísticas de brasileiros que perderam a vida na luta contra a covid-19. Nesse dia, o Brasil contabilizou 411.588 mortes na pandemia potencializada pelo negacionismo do presidente Jair Bolsonaro.
“Meus votos de pesar pelo passamento do ator e diretor Paulo Gustavo, que com seu talento e carisma conquistou o carinho de todo Brasil. Que Deus o receba com alegria e conforte o coração de seus familiares e amigos, bem como de todos aqueles vitimados nessa luta contra a Covid”, manifestou-se Bolsonaro.
Apesar da nota do mandatário, a morte do ator Paulo Gustavo é símbolo do desprezo do governo pela vida das pessoas. Cadê a vacinação em massa e acelerada?
Paulo Gustavo um dos artistas mais populares e admirados do país, morreu aos 42 anos. Criador de Dona Hermínia e de outros personagens inesquecíveis no teatro, na TV e no cinema, ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio
O quadro de saúde de Paulo Gustavo piorou na noite de domingo (2), quando sofreu uma embolia pulmonar. Antes, ele vinha apresentando melhoras significativas – chegou a ter redução de sedativos e bloqueadores e a interagir com médicos e com o marido, Thales Bretas.
Morte por covid banalizada
Nesta terça, um novo boletim informou que o ator estava com quadro irreversível, mas mantinha os sinais vitais. Às 21h12, no entanto, foi constatada a morte do ator.
A direção do Theatro Municipal do Rio ofereceu o espaço para o velório do ator. Mas, até a última atualização desta reportagem, não havia confirmação oficial sobre o local ou o horário da cerimônia.
Com um estilo de humor acessível, baseado em cenas familiares e cotidianas, Paulo Gustavo conquistou o Brasil e teve uma trajetória de enorme sucesso, em produções como o campeão de bilheteria “Minha mãe é uma peça: O filme” (2013), que rendeu duas continuações. Lançado em 2019, o longa mais recente da triologia se tornou a comédia com maior público da história do cinema nacional.
Paulo Gustavo deixa o marido, Thales, e dois filhos pequenos, Gael e Romeu, além do pai, Júlio Marcos, da irmã, Juliana Amaral, e da mãe, Déa Lúcia Amaral, que inspirou a criação de Dona Hermínia.
Durante os mais de 50 dias de internação do ator, a família compartilhou o dia a dia do tratamento e fez pedidos de oração.
Leia também
- Em dia de CPI da Covid, Brasil chegou a 411.588 mortes na pandemia
- Covid-19: jornal francês cita Araraquara como exemplo de resistência frente à má gestão de Bolsonaro
- Professores propõe lockdown por 21 dias e aceleração de vacinação antes de volta às aulas presenciais
Quem era Paulo Gustavo
Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros nasceu em Niterói em 30 de outubro de 1978 e estudou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio, na mesma turma de Fábio Porchat.
A primeira peça da qual participou foi “O surto”, em que dividia a direção com Fernando Caruso, em 2004. Foi no espetáculo que apresentou pela primeira vez a personagem Dona Hermínia, que marcaria sua carreira para sempre (veja mais no vídeo abaixo).
A mãe superprotetora e hilária ganhou peça própria em 2006 e chegou ao cinema sete anos depois.
“Minha mãe é uma peça” foi sucesso de público
Somados, os três filmes de “Minha mãe é uma peça” venderam mais de 26 milhões de ingressos entre 2013 e 2020.
O terceiro filme teve a maior arrecadação da história do cinema brasileiro, com R$ 182 milhões de bilheteria.
Além do sucesso de Dona Hermínia, o ator se destacou pelos filmes “Minha vida em Marte” (2018) e “Os homens são de Marte… e é para lá que eu vou” (2014), nos quais contracenou com a atriz e amiga Mônica Martelli. Ele interpretou o personagem Aníbal em ambas as comédias.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.