Lula: “Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à Rádio Folha de Pernambuco, nesta quarta-feira (19/5), que adoraria dizer que Ciro Gomes (PDT) é seu amigo, mas, segundo o petista, o ex-ministro não quer –indicando que ambos estão em lados opostos nas eleições de 2022.

“Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo. Mas infelizmente ele não quer. Mas eu aprendi uma teoria com a minha mãe Dona Lindu: quando um não quer, dois não brigam. Não farei jogo rasteiro”, declarou o ex-presidente.

Lula criticou o pedetista afirmando que “Ciro quer brilhar e só gosta dele mesmo, mas nunca passou de 12% numa pesquisa. Não farei jogo rasteiro”, provocou.

Segundo a última pesquisa Datafolha, Ciro Gomes tem 6% das intenções de voto em um levantamento que Lula lidera de ponta a ponta.

O ex-presidente ainda falou das especulações da velha mídia corporativa, que, de acordo com ele, já anunciaram cerca de 11 vices para ele. “Fora os ministros da Economia, cada dia fico sabendo de mais um. O pessoal precisa entender que primeiro a gente anuncia se vai ser candidato, depois fala de vice e ministério”, disse.

Sobre o presidente Jair Bolsonaro, o petista afirmou que o mandatário está querendo imitar de novo o ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, dizendo que se não tiver voto impresso vai ter fraude eleitoral. “Fraude eleitoral foi a eleição dele, que me prenderam pra eu não ser candidato, e ainda ganharam na base da fake news.”

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Afago a FHC

Lula disse que gostou da entrevista do ex-presidente FHC. O petista disse que sempre teve uma disputa civilizada com o tucano. “Ele me conhece bem, conhece o Bolsonaro. Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo se fosse o contrário. Ele sempre foi um intelectual e sabe que não dá pra inventar uma candidatura”, elogiou.

Para o ex-presidente, na entrevista à emissora pernambucana, a imprensa nos induz ao erro quando diz que o Centrão está todo com o Bolsonaro.

“Não tratem o centrão como um partido único. Ao apagar as luzes da Câmara dos Deputados, cada partido tem interesse no seu estado. Vamos conversar individualmente com cada partido político”, avisou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda relatou seu périplo por Brasília na semana passada.

“Semana passada em Brasília falei com mais de 60 políticos, de vários partidos. Semana que vem vou conversar com os movimentos sociais, intelectuais e com o movimento sindical. Quero conversar muito. Quem faz política conversa. Dono da verdade, carrancudo, não serve pra política.”

Pandemia

O petista disse que brigar por liberdade é brigar pelo direito de todo mundo ter acesso à vacina. Segundo ele, é fácil defender liberdade de poder ir em festa, enquanto o trabalhador tem que pegar ônibus lotado todo dia sem estar vacinado e protegido.

Acerca da CPI da Covid no Senado, Lula afirmou que é o momento de restabelecer a verdade e esclarecer: “por que o Brasil teve 439 mil vidas perdidas? O presidente tem responsabilidade direta pela morte dessas pessoas. Pelo descaso do governo.

“O que me deixou chateado com essa CPI foi o [Eduardo] Pazuello copiando minha gravata. Era meu padrão desde 2009 pra dar entrevista internacional, pô…”, ironizou o ex-presidente, ao ser questionado sobre a participação do ex-ministro da Saúde na comissão de inquérito.

“Bolsonaro, que passou a pandemia inteira receitando remédio pra tratar malária, agora tenta colocar a culpa nos governadores, que foram vítimas da incompetência desse desgoverno. A verdade é que temos um presidente que é o Rei da Fake News. Mente todo dia”, fulminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.