Aung San Suu Kyi comparece à Justiça pela primeira vez desde golpe em Mianmar

A ex-dirigente de Mianmar Aung San Suu Kyi compareceu nesta segunda-feira (24) diante da Justiça. No último 1° de fevereiro, ela foi deposta pela junta militar, que tomou o poder depois de um golpe de Estado, e que a indiciou diversas vezes desde então.

As forças de segurança foram mobilizadas em torno do prédio do tribunal, em um esquema colocado especialmente em prática na capital Naypyidaw para o julgamento da ex-líder birmanesa.

Aung San Suu Kyi, de 75 anos, está em prisão domiciliar e não era vista publicamente desde 1° de fevereiro. Segundo a advogada Min Min Soe, que teve autorização para se encontrar com a ex-dirigente durante 30 minutos, ela parece estar saudável.

Antes da audiência, Aung San Suu Kyi se mostrou combativa, segundo afirmou sua advogada. A ex-líder teria declarado que seu partido “a Liga Nacional pela Democracia continuará existindo enquanto o povo existir, porque ele foi fundado pelo povo”.

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Os generais birmaneses ameaçam dissolver o partido, que venceu com ampla margem as eleições legislativas de 2020, alegando fraudes durante a votação. Uma decisão final deve ser anunciada em breve. A comissão eleitoral, aliada da junta militar, indicou que as investigações que está realizando estão próximas de serem encerradas.

Mais de quatro mil presos
Desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, Mianmar vive um cenário de caos. Protestos são realizados quase diariamente dentro de um movimento de desobediência civil em todo o país. Segundo uma ONG local, mais de 800 pessoas foram mortas e cerca de quatro mil pessoas foram presas nessas operações militares.

No domingo (23), violentos combates foram travados entre os militares e a facção Partido Nacional Progressista Karenni, que atua no estado de Kayah, no leste. O exército utilizou helicópteros e tanques para cercar os insurgentes. As violências duraram toda a madrugada.

Aung San Suu Kyi, vencedora do prêmio Nobel da Paz, foi indiciada diversas vezes desde sua detenção, com acusações que incluem desde a violação das restrições na pandemia até importação ilegal de walkie-talkies e incitação da violência no país. Caso seja considerada culpada ela pode ser banida da vida política e ser condenada a vários anos de prisão.

Uma próxima audiência está prevista para 7 de junho. Enquanto isso, o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, continua na liderança do país. Interrogado pelo canal de TV Phoenix, de Hong Kong, sobre seus futuros projetos para Mianmar, ele afirmou “não ter nenhuma ideia”.

Por RFI, com informações da AFP