- Bolsonaro e os senadores governistas querem fazer a CPI da Covid virar uma pizza de múltiplos sabores
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar na quarta-feira (14/4) a liminar do ministro Luís Roberto Barroso, que mandou o Senado instalar a CPI da Covid para investigar a gestãdo do governo na pandemia. Coube ao presidente da corte, Luiz Fux, pautar a discussão.
Nesse mesmo dia, dia 14, a sessão também irá recursos da PGR sobre a anulação das condenações do ex-presidente Lula em processos da falecida Lava Jato. A tendência que esse item seja adiado, haja vista a urgência da CPI no Senado.
Enquanto isso, no Senado, a base aliada do presidente Jair Bolsonaro trabalha para enterrar a comissão de investigação sobre a pandemia.
O mandatário elevou o tom contra o ministro Luís Roberto Barroso, relator da ação dos senadores Jorge Kajuru (GO) e Alessandro Vieira (ES), do Cidadania. Bolsonaro disse que sabe o que o magistrado do STF fez no verão passado e pediu o impeachment de Barroso.
Segundo Bolsonaro, Barroso fez ‘militância política’ e ‘politicalha’ para beneficiar a esquerda em desfavor ao governo.
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“A CPI que Barroso ordenou instaurar, de forma monocrática, na verdade, é para apurar apenas ações do governo federal. Não poderá investigar nenhum governador, que porventura tenha desviado recursos federais do combate à pandemia”, postou Bolsonaro em suas redes sociais. “Barroso se omite ao não determinar ao Senado a instalação de processos de impeachment contra ministro do Supremo, mesmo a pedido de mais de 3 milhões de brasileiros. Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política”, detonou o presidente na manhã desta sexta-feira (9/4).
Neste sábado (10/4), Bolsonaro voltou ao tema e disse que o STF não tem que se meter em tudo.
“Interferência? Lamentavelmente existe ainda por parte do Supremo —no meu governo teve muito. Agora teve uma [interferência] no Senado. [O STF] Não tem que estar se metendo em tudo. Já deram poderes aos governadores para fazerem a política de lockdown, confinamento”, opinou o presidente em frente ao Palácio da Alvorada.
“Essa CPI feita pela esquerda é para perseguir, para tumultuar. Conversei com alguns senadores. A ideia é investigar todo mundo. Sem problema nenhum. Agora a lei nasceu para todos”, disse Bolsonaro, revelando a tática de transformar a ‘CPI da Covid’ em ‘CPI do Fim do Mundo’, ou seja, também investigaria ação de prefeitos e governadores na pandemia.
“Lamento superpoderes que o Supremo Tribunal Federal deu a governadores e prefeitos para fechar inclusive salas, igrejas, de cultos religiosos. É um absurdo dos absurdos. É o artigo quinto da Constituição. Não vale o artigo quinto da Constituição, não tá valendo mais, tá valendo o decreto do governador lá na frente”, completou o presidente Jair Bolsonaro.
Como se vê, Bolsonaro e os senadores governistas querem fazer a CPI da Covid virar uma pizza de múltiplos sabores até a próxima quarta-feira.
Funciona assim: o STF irá confirmar o pedido de pizza, ops, de CPI, e o Senado irá entregar do outro lado da Praça dos Três Poderes.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.