Economia ou Vacina? Por que é tão difícil planejar ações que cuidem dos dois ao mesmo tempo?

Pandemia colocou à prova nossos governantes. Discurso e prática nem sempre caminham juntos.

Por Requião Filho*

O que está acontecendo a nossa volta que não vemos saídas possíveis e ações concretas para resolver as sequelas que deixará esta pandemia?

Não vemos projetos confiáveis que cuidem da saúde das pessoas e, ao mesmo tempo, não lhes deixe faltar o emprego ou a porta aberta de seu próprio negócio. Sim, a matemática para isto é difícil e está colocando à prova o conhecimento e a habilidade de governar dos nossos representantes.

Seja o presidente, seja o Governador, seja o Prefeito da sua cidade. Pode ter certeza que se for um bom gestor, vai sair de tudo isso como um herói. Vai pensar primeiro nas pessoas e valorizar o que lhes é mais caro; a saúde. Mas sem deixar faltar condições de subsistência. O poder público tem que ser parceiro nessa hora e não dificultar ainda mais com altos impostos e falta de incentivos. Porque de nada adianta permanecer vivo sem uma perspectiva financeira positiva para garantir um futuro melhor.

Mas se o gestor for realmente uma pessoa bem assessorada ou for minimamente cuidadoso, inteligente, criativo e perspicaz, vai conseguir resolver essa fórmula em pouco tempo. Nessa hora, mesmo com toda experiência do mundo, esse cidadão escolhido pelo povo, vai precisar parar e pensar numa saída viável, sem escândalos, sem teorias da conspiração, sem armadilhas, sem remédios falsos ou campanhas que em nada contribuem com a solução do problema. Ampliar o caos é tudo o que não queremos!

Economia

E se hoje estamos vivendo essa situação calamitosa diante da pandemia, boa parte da culpa de tudo isso é pelo fracasso de nossas lideranças políticas, eleitas para decidir por nós o que farão com nossos impostos, ou em maneiras de possibilitar acesso à vacina, quando esta estiver disponível. Disseminar o ódio ou polarizar discursos não é a melhor saída! Aliás, precisamos anotar os nomes desses figurões para tirar-lhes o poder, quando chegar a hora. Não podemos ter memória curta! Lembrem deles… para que não voltem nunca mais ao comando das nossas vidas.

Criar intrigas, expor pessoas ao ridículo, disseminar notícias falsas em nada contribuem com a solução para tudo isso que estamos vivendo. Por isso enfatizo: que isso sirva de alerta, para que possamos, no próximo ano, não cometer os mesmos erros e escolher melhor quem vai comandar o nosso barco.

Não será admissível pensar em votar em alguém que hoje, por exemplo, esteja mais preocupado em agradar investidores e acionistas, quando nosso povo morre de fome nas ruas. Não será mais aceitável dar um voto de confiança a um ser humano que faz uma propaganda bonita, mas que mete os pés pelas mãos e, na prática, é o cara que menos cumpre tudo aquilo que fala.

O Lockdown pode ser uma das únicas saídas possíveis nesse momento, mas sem a vacinação urgente e em massa, será apenas um curativo paliativo. Um remédio para amenizar a dor que muitas famílias terão que aprender a conviver num futuro bem próximo. Sim, o vírus está em constante mutação e cada vez mais forte. Se não fizermos algo rápido, vamos continuar enxugando gelo, apagando incêndio com copos de água, sem esperança.

Ninguém, até o momento, adotou medidas sérias. Ninguém teve peito nem habilidade suficientes para dialogar com os barões do transporte coletivo. Os ônibus seguem lotados, mesmo os donos das empresas recebendo incentivos fiscais nesse período de pandemia. E ainda se deram ao luxo de reduzir a frota, deixando nossos trabalhadores sem escolha.

Faltou pulso firme para agilizar a vacinação e não deixar bares, restaurantes, shoppings, teatros, o comércio em geral, tanto tempo fechados. Faltou a indústria seguir os protocolos de distanciamento, do refeitório ao posto de trabalho de seus funcionários. Faltou fiscalização do uso da máscara, de festas e aglomerações clandestinas. Faltou reduzirem impostos, faltou empatia, faltou exemplo de cima pra baixo, de presidente para o povo, de pai para filho, fazendo todos entenderem de uma vez por todas, que não importa a idade, ninguém é invencível ou imortal diante de um vírus tão avassalador. Cada um precisa fazer sua parte!

Hoje milhares de famílias choram, contam as horas para rever um parente que está lutando para sobreviver numa UTI, ou na fila de um hospital esperando por um atendimento, um respirador, um socorro… São quase 300 mil pessoas mortas por covardia, por irresponsabilidade, por falta de uma gestão firme, coerente, capaz, eficaz. Passou um ano e ainda não aprendemos a conviver com o vírus!

*Requião Filho, advogado, é deputado estadual pelo MDB do Paraná.