Coreia do Norte lança primeiro “projétil teleguiado” desde posse de Biden

A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira (26) ter testado um “novo projétil tático guiado” de motor com combustível sólido. O anúncio foi feito pela imprensa estatal. Esta é a primeira vez que o país realiza um teste como este desde a posse do presidente americano, Joe Biden.

Nesta quinta-feira (25), o país lançou dois projéteis de sua costa leste. Segundo o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, tratam-se de dois mísseis balísticos. Pyongyang é objeto de múltiplas sanções internacionais por seu programa de armamentos. Várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU proíbem que o regime norte-coreano desenvolva armas desse tipo. O presidente americano, Joe Biden, afirmou que a resolução 1.718 da ONU foi violada com os testes de quinta-feira.

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O regime norte-coreano só reconheceu a mudança de governo nos Estados Unidos na semana passada. Biden afirmou que está “consultando os aliados” e ameaçou a Coreia do Norte de represálias “caso optem por uma escalada”. Ele também disse que está “preparado para alguma forma de diplomacia” com as autoridades norte-coreanas, mas que precisa “estar condicionada a que o resultado seja a desnuclearização”.

Economia

“Capacidade nuclear”
Os lançamentos foram supervisionados pelo alto funcionário Ri Pyong Chol, informou a agência oficial KCNA, e não pelo dirigente máximo do país, Kim Jong Un. O teste foi um sucesso porque os dois projéteis atingiram um alvo a 600 quilômetros de distância no Mar do Japão, conhecido como Mar Oriental na Coreia, afirmou a imprensa estatal, o que supera os 450 quilômetros que foram anunciados na véspera pelas autoridades militares sul-coreanas.

A KCNA afirmou que a arma poderia transportar uma carga útil de 2,5 toneladas, mas evitou utilizar a palavras “míssil” e “balístico”. O teste confirmou a confiabilidade de um motor aperfeiçoado de combustível sólido, completa a agência. Fotos no jornal estatal Rodong Sinmun mostram oficiais sorridentes aplaudindo o lançamento, a maioria sem máscaras de proteção contra o coronavírus.

O governo dos Estados Unidos mantém 28.500 soldados na Coreia do Sul para defender o país do vizinho que o invadiu em 1950, enquanto o Norte alega que precisa de armas nucleares para dissuadir uma eventual invasão americana. Além de Biden, Alemanha, França e Reino Unido também consideraram os testes violações às resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A pedido de Washington, o comitê de sanções da Coreia do Norte da ONU se reunirá nesta sexta-feira. Durante a liderança de Kim Jong Un, Pyongyang fez avanços rápidos em sua capacidade militar e chegou a testar mísseis que poderiam atingir o território dos Estados Unidos.

O primeiro ano da presidência de Donald Trump foi marcado por uma série de lançamentos e testes, acompanhados de uma linguagem bélica entre ambos os líderes. Pouco depois, Trump e Kim embarcaram em uma lua de mel diplomática inesperada, marcada por cúpulas históricas em Cingapura e Hanói entre os dois líderes.

Diálogo rompido
Os Estados Unidos retiraram-se de alguns exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e o Norte e o Norte paralisou os testes com mísseis balísticos intercontinentais. Mas a cúpula de Hanói, em fevereiro de 2019, não conseguiu remover as sanções em troca de eventuais medidas de desarmamento.

A comunicação foi suspensa, apesar de um terceiro encontro na zona desmilitarizada que divide a península coreana. Desde então, não houve nenhum progresso substancial para a desnuclearização do Norte. Pyongyang executou uma série de testes no ano passado de armas que chamou de “artilharia de longo alcance”, embora outros os descrevam como mísseis balísticos de curto alcance.

O lançamento de quinta-feira e os testes de mísseis não balísticos de curto alcance do fim de semana aconteceram pouco depois dos exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos e da visita a Seul do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin. Durante a viagem a Seul e Tóquio, Blinken destacou a importância de desnuclearizar a Coreia do Norte.

Funcionários do governo americano afirmaram que a administração Biden tentou, desde a posse em janeiro, entrar em contato com as autoridades norte-coreanas por diversos canais, mas não teve resposta.

Por RFI