Ocupação de UTIs chega ao pior nível da pandemia; confira as taxas divulgadas pela Fiocruz

A ocupação das unidades de terapia intensiva dedicadas a infectados pelo novo coronavírus no país chegou ao pior nível desde o início da pandemia, alerta o Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado hoje (26). 

A proporção de leitos ocupados passou de 80% em 12 estados e no Distrito Federal, e 17 das 27 capitais do país também estão com percentual nesse patamar, chamado de “zona de alerta crítica” pelos pesquisadores.

Veja o percentual de leitos ocupados nos estados na faixa dos 90%:

  • Amazonas (94,6%);
  • Ceará (92,2%);
  • Paraná (91,9%);
  • Rondônia (97,1%); e
  • Santa Catarina (93,4%).

Entre 80% e 90%, estão os seguintes estados:

  • Acre (88,7%);
  • Distrito Federal (87%);
  • Goiás (89,2%);
  • Pernambuco (85%);
  • Rio Grande do Norte (81,4%);
  • Rio Grande do Sul (83,6%);
  • e Roraima (82,2%).

As 17 capitais na zona de alerta de crítica para a ocupação das UTIS são:

  • Porto Velho (100,0%);
  • Rio Branco (88,7%);
  • Manaus (94,6%);
  • Boa Vista (82,2%);
  • Palmas (80,2%);
  • São Luís (88,1%);
  • Teresina (93,0%);
  • Fortaleza (94,4%);
  • Natal (89,0%);
  • Recife (80,0%);
  • Salvador (82,5%);
  • Rio de Janeiro (85,0%);
  • Curitiba (90,0%);
  • Florianópolis (96,2%);
  • Porto Alegre (84,0%);
  • Campo Grande (85,5%);
  • e Goiânia (94,4%).

O boletim destaca que o país está em um patamar de intensa transmissão da covid-19, sem que nenhum estado apresente tendência de queda nas incidências de casos e óbitos. Em relação a mortalidade, 26 unidades da federação apresentam manutenção de um patamar elevado, “decorrente de exposições ocorridas no final de 2020 e em janeiro de 2021, com a ocorrência de festas de fim de ano, festivais clandestinos e intensificação de viagens”. Roraima é o único com uma alta maior que 5%, com 5,3%.

Economia

“A gravidade deste cenário não pode ser naturalizada e nem tratada como um novo normal. Mais do que nunca urge combinar medidas amplas e envolvendo todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo”, afirma o Observatório Covid-19 da Fiocruz.

Os pesquisadores lembram que o país está desde 17 de janeiro com uma média móvel de mais de mil mortes por dia, o que sobrecarrega profissionais e sistemas de saúde, o que impacta a qualidade dos serviços e a saúde mental e física dos trabalhadores. Pelo segundo dia seguido, o Brasil bateu ontem o recorde de mortes diárias por covid-19, com uma média de 1.148 mortes por dia nos últimos sete dias.

“Dentre os novos desafios, destacamos a chegada das vacinas e o lento processo de vacinação que vem se desenhando, combinado com o surgimento das novas variantes que envolvem tanto o potencial de serem mais transmissíveis, como contextos que favorecem a transmissão por conta da ausência de medidas de mitigação amplas, articuladas entre todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo”.

O boletim reforça a necessidade de medidas que promovam o isolamento e o distanciamento físico, o uso de máscara em larga escala, a redução dos deslocamentos entre as cidades, a garantia de transporte adequado e a oferta de locais para quarentena. “Essas medidas deveriam envolver, além de legislações e decretos, campanhas para adesão da população às mesmas”, afirma a Fiocruz, que pede planejamento para a adoção de medidas mais restritivas, assim como fiscalização mais efetiva e coordenação regional entre municípios.

“Algumas iniciativas municipais, apesar de coerentes com o momento atual da epidemia, podem acarretar efeitos contrários ao desejado, como o estímulo à circulação entre cidades, e a aglomeração de pessoas em poucos lugares de encontro, como alguns bares e pontos comerciais que permanecem abertos ou funcionam clandestinamente”.

A Fiocruz alerta que a chegada das vacinas, para muitos, parece “trazer a sensação de que a pandemia está sob controle”, o que se soma de forma “bastante grave” com o desgaste das medidas de distanciamento social  “por seus efeitos na economia, nas atividades de ensino e lazer, na vida cotidiana e familiar como um todo”.