Tardiamente, o ministro Edson Fachin, do STF, chora o leite derramado ao manifestar descontentamento da pressão exercida pelas Forças Armadas sobre a corte máxima nas vésperas das eleições de 2018.
Até as capivaras do Parque Barigui, em Curitiba, cidade do ministro, sabem que o general Eduardo Villas Bôas “bateu o pé” naquela oportunidade e os membros do Supremo correram de medo.
Na época, a exigência das Forças Armadas era para prender o ex-presidente Lula e, com isso, garantir a vitória do então deputado Jair Bolsonaro.
“Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”, escreveu Villas Bôas no dia 3 de abril de 2018, véspera o julgamento do habeas corpus do petista.
O general confirmou em um livro que o tuíte anti-Lula fora construído pelo comando das Forças Armadas para pressionar o judiciário.
Portanto, só faz algum sentido Fachin ‘chorar o leite derramado’ se ele [ministro] mudar sua posição –numa posição de autocrítica—e votar pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Caso contrário, a manifestação do magistrado serão apenas palavras ao vento.
Levou quase três anos para a manifestação do ministro, mas, ao menos, que seja mais efetiva em defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o general Villas Bôas.
“Se o general queria controlar sua tropa, como alega, devia ter feito uma ordem do dia lembrando a Constituição. Prender seus insubordinados e não ameaçar o STF para prender Lula. Isso é gravíssimo e exige reação das instituições democráticas”, disse.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.