Bolsonaro chama governadores para a briga: ‘se fechar o Estado ficará sem auxílio emergencial’

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que a condução do governo Bolsonaro na pandemia é coerente. “Desastrosa do início até hoje”, fulmina. O mandatário vermelho tem razão.

Nas últimas horas, o presidente Jair Bolsonaro negou, aglomerou e não usou máscara, além de ameaçar governadores que adotaram medidas mais severas para conter a pandemia.

“Governador que ‘fechar seu Estado’ bancará auxílio emergencial“, disse o presidente em Caucaia (CE), nesta sexta-feira (26).

Talvez o presidente se faça de desentendido ou não sabe mesmo. A administração pública funciona dentro do princípio da impessoalidade, ou seja, retaliar determinado Estado que adotou lockdown pode até lhe causar a dor do impeachment.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), criticou o comportamento do presidente Bolsonaro dizendo que “aqueles que debocham da ciência, ignoram a luta dos profissionais de saúde para salvar vidas, e, principalmente, desrespeitam a dor das milhares de famílias vítimas da Covid, receberão o justo julgamento”.  

“Continuaremos firmes, combatendo o negacionismo, e lutando sempre pela vida”, afirmou ainda o governador cearense. 

Economia

Quem também entrou na rota de colisão contra Bolsonaro foi o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que na manhã desta sexta-feira decretou o lockdown e ampliou o toque de recolher no Estado. No entanto, mais bonzinho, o filho do apresentador do SBT preferiu não rebater publicamente o inquilino do Palácio do Planalto.

O governador do Distrito Federal, Albaneis Rocha (MDB), afirmou que o lockdown passará a valer a partir da meia-noite de domingo (28). “Nós infelizmente tivemos que optar pelo fechamento total do comércio porque a taxa de ocupação de leitos ultrapassa os 98%.”

Respondendo indiretamente a Bolsonaro, o governador do DF declarou que não fica feliz com a decisão, porque, reconheceu, vai impactar na vida de milhares de pessoas, “mas é necessário frente a gravidade da situação”.

Além de Maranhão, Paraná, DF, Ceará, outros Estados também adotaram medidas restritivas para conter a pandemia. Exemplo disso são o Rio Grande do Norte, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dentre outros ainda não nominados aqui.

Em contraposição às sandices de Jair Bolsonaro, ex-ministros da Saúde recomendam lockdown para evitar colapso do país diante da nova escalada da Covid-19. Nessa linha estão José Serra, José Gomes Temporão, Alexandre Padilha e Luiz Henrique Mandetta.