O Globo deste domingo (17) retrata que multinacionais estão desistindo do país, destaca que a crise faz a indústria cair ao menor nível em mais de 70 anos, porém, por ser cúmplice, não cita que esse desastre foi promovido pelo presidente Jair Bolsonaro e ministro da Economia, Paulo Guedes.
Com uma análise deficiente, o Globo afirma que a saída da Ford do país, anunciada esta semana, não é caso isolado e que o baixo crescimento também afugenta empresas estrangeiras.
Primeiro é fundamental destacar que as empresas nacionais sucumbiram antes das multinacionais, que tiveram benefícios fiscais.
Milhares de milhares empreendimentos cerraram suas portas em 2020, mas eles já vinham sentindo a depressão econômica antes mesmo da pandemia.
O governo brasileiro, após o golpe de 2016, apostou no arrocho salarial e na retirada de direitos sociais como política para atrair investimentos estrangeiros. Por isso estabeleceu o teto de gastos, aprovou as reformas previdenciária e trabalhista, enfim, privatizou setores importantes como a indústria de petróleo –falaremos mais adiante.
A título de comparação, nos EUA, Joe Biden propõe dobrar o salário mínimo federal de R$ 6.000 para R$ 12.000, prorrogar o auxílio emergencial de R$ 7.500 por pessoa adulta e reforço de R$ 2.000 por semana para os desempregados no seguro-desemprego, além de outros auxílio como creche.
Dito isto, voltemos à questão do petróleo.
Nos últimos seis anos, que antecederam a pandemia, a Petrobras foi alvo de ataques criminosos da Lava Jato. A estatal de petróleo já vinha perdendo competitividade por causa das sucessivas operações contra ela e contra suas parceiras, que atual na área de engenharia pesada.
Pela primeira vez desde 1947, o petróleo tem participação abaixo de 10% no PIB (Produto Interno Bruto) –numa amostra entre janeiro e julho de 2020.
Embora retrate a depressão econômica, Globo, que é cúmplice deste estado de coisas, poupou Bolsonaro e Guedes.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.