Paraná elege prefeito gay assumido, bolsonarista e ligado à igreja

O município de Mariluz, no Noroeste do Paraná, elegeu Paulo Alves (PSL) para o cargo de prefeito. Ele é um dos engrossam as estatísticas de pessoas LGBTI+ eleitas para cargos políticos nas eleições de 2020.

Mariluz, a 551 km de Curitiba, tem 10.336 habitantes e teve 6.289 votos válidos neste pleito. A eleição de Alves ajudou o Brasil bater o recorde de LGBTI+ nos cargos de prefeito e vereador.

O prefeito eleito contou ao site Congresso em Foco que que assumiu publicamente a sua homossexualidade apenas há quatro anos. Ele é católico e atua intensamente na igreja e, antes de se converter ao bolsonarismo, cumpriu dois mandatos pelo PSDB “dentro do armário, isto é, sem assumir a sua sexualidade.

“Pelo histórico de vida que eu tenho, que é de ajudar as pessoas, pensar no bem-estar das pessoas e respeitar o meu próximo, as pessoas absorveram isto com uma forma naturalizada. Ouvi as pessoas falarem, independente de opção sexual nós temos o direito de sermos felizes”, diz Paulo Alves, que relata um “choque” na cidade depois que se filiou no PSL e se posiciona como apoiador do presidente Jair Bolsonaro.

“Sou Bolsonaro, não levanto bandeiras, defendo a felicidade das pessoas, respeitando as divergências diante de pensamentos”, afirma, evitando polêmicas entre a sexualidade e o bolsonarismo.

Segundo a Aliança LGBTQI+, assim como Paulo, 80 candidatos assumidos conseguiram se eleger em vários partidos políticos –da esquerda à direita.

Economia

“A questão de eu ser gay é uma naturalidade. Não me vejo diferente de ninguém pelo fato de eu ser gay. Eu nem toco neste assunto. Pra mim é algo natural. Eu sou casado, tenho o meu companheiro, a cidade inteira sabe disso. Moro numa cidade pequena com 10 mil habitantes. Convivemos naturalmente dentro da sociedade. Todo mundo me respeita e respeita o meu companheiro. Quem votou em mim, votou sabendo que eu sou gay”, explicou à reportagem do Congresso em Foco.

Ele aponta que não traz a pauta da luta dos direitos LGBTI+ para a política de maneira direta, mas defende o bem-estar e a felicidade de todos sem distinções. “Nós nascemos para sermos felizes. Independente de opção sexual, independente de crença, de cor de pele, independente de qualquer coisa, nós nascemos para sermos felizes. E nós devemos lutar em busca dessa felicidade”, argumenta.

Para ele, a maneira natural com que a cidade absorveu a sua sexualidade vem também da mesma naturalidade como ele se colocou para a sociedade. “Às vezes, o fato das pessoas defenderem os direitos LGBT, leva as pessoas a serem um pouco radicais demais. Isso cria conflitos. Deixar as coisas acontecerem de uma forma natural é mais fácil das pessoas absorverem”, explica. Ele conta também que “quando eu me assumi, eu não precisei postar numa rede social ‘eu sou gay’. O meu comportamento, meu modo de ser e de agir foi demonstrando isso às pessoas”.