Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado neste domingo (18), mostra que oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, tanto nas vítimas da polícia quanto nos próprios policiais mortos o perfil majoritário é o mesmo: homens negros.
A diferença fica na faixa etária. No caso das vítimas da polícia, 74,3% são jovens de até 29 anos; no caso dos policiais, 30,5% tinham entre 40 e 49 anos.
Das 6.357 vítimas de violência policial no ano passado, a maior parte, 99% era formada por homens.
Negros x negros
Os negros [policiais] foram colocados para combater os negros [vítimas] numa guerra insana nas periferias dos grandes centros urbanos. Os dois lados que morrem, segundo as estatísticas, sofrem execução extrajudicial, não tem formação da culpa como determina a Constituição Federal. São mortes ilegais, portanto, de lado a lado.
O quadro é esse: a polícia que mata e morre contra a vítima que morre.
Mortes violentas sobem 7% em semestre com pandemia, após queda em 2019
No ano passado, foram 47.773 pessoas assassinadas, contra 57.341 em 2018. Uma redução de 17,7%.
Já nos primeiros seis meses deste ano, houve aumento nas mortes violentas: 25.712 pessoas foram mortas, registrando aumento de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Sobre o Anuário Brasileiro de Segurança Pública
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.
A publicação é uma ferramenta importante para a promoção da transparência e da prestação de contas na área, contribuindo para a melhoria da qualidade dos dados.
Além disso, produz conhecimento, incentiva a avaliação de políticas públicas e promove o debate de novos temas na agenda do setor. Trata-se do mais amplo retrato da segurança pública brasileira.
A compilação dos dados de 2018 revela um contexto político e institucional em que alguns dos números agregados da violência letal intencional apresentam oscilações consideráveis, mas, paradoxalmente, pouco se sabe sobre as origens e razões desse movimento.
O Brasil não tem a prática de documentar, monitorar e avaliar as políticas setoriais, o que poderia contribuir para estimular o que deu certo e evitar o que deu errado.
Leia a íntegra do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.