Evo Morales deve retornar à Bolívia, defende Baltazar Garzón

O renomado advogado espanhol Baltazar Garzón disse nesta sexta-feira (23) que o ex-presidente boliviano Evo Morales, refugiado político na Argentina, deveria retornar ao seu país, e livre de acusações por parte do governo de fato.

Garzón, da equipe jurídica que representa Morales, disse à EFE que tudo será feito para retirar as acusações de terrorismo e sedição feitas contra o ex-presidente pelo governo golpista em 2019.

‘Presumo, e vamos pedir isto, e esperamos que seja concedido, que o caso criminal seja arquivado e que Morales possa voltar ao seu país, que é onde ele precisa estar’, disse o advogado.

Garzón, que alcançou notoriedade internacional quando emitiu um mandado de prisão para o ditador chileno Augusto Pinochet por crimes contra a humanidade, acredita que as acusações contra o ex-presidente carecem de apoio real, e lembra como a Interpol dispensou o processo de prisão em alerta vermelho contra ele.

Por outro lado, ele se referiu ao resultado das eleições gerais bolivianas, realizadas no domingo passado, nas quais o Movimento ao Socialismo (MAS), a força política de Morales, venceu.

‘Agora que um novo presidente e vice-presidente foram eleitos, eles terão que exercer suas responsabilidades e Evo Morales fará o que considera que deveria fazer, mas em liberdade e em seu país, de onde nunca deveria ter saído, e se o fez foi por causa das circunstâncias claramente motivadas por um golpe de Estado cujo objetivo era acabar politicamente com ele e com sua liberdade’, argumentou ele.

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O primeiro líder indígena na história da Bolívia foi eleito nas eleições de 2019, mas a Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou o processo fraudulento com base em relatórios incompletos, dos quais o direito interno, apoiado pelo exército e pela polícia, aproveitou para realizar um golpe de Estado.

Morales foi forçado a renunciar para acabar com a violência e deixar o país por causa das ameaças contra sua vida e a de seus apoiadores.

De La Paz ele se mudou para o México, depois para a Argentina, onde é refugiado político desde dezembro de 2019.

O jurista espanhol criticou o trabalho da OEA e seu Secretário Geral, Luis Almagro, que acredita que deveria renunciar, pedido tornado público por vários organismos e organizações internacionais, como o Grupo Puebla.

Finalmente, ele considerou que os bolivianos demonstraram nestas eleições sua vontade de mudar a maneira como o governo de fato lidou com o país durante estes 11 meses, caracterizado por uma má administração da economia, repressão, massacres, escândalos de corrupção e perseguição política. ‘No final, as pessoas podem ser manipuladas, massacradas, mas quando lhes é dada a oportunidade de falar, elas falam e disseram que não querem um sistema político e econômico que as acrescente de volta à pobreza’, disse Garzón.

*Da Prensa Latina