Professores anunciam greve e recusam voltar às aulas presenciais em 2020

Em assembleia online da APP-Sindicato, na manhã deste sábado (12), professores e funcionários de escola da rede estadual e das redes de 209 municípios do Paraná aprovaram a realização de “greve em defesa da vida”, contra a retomada das aulas presenciais durante a pandemia do novo coronavírus.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, explica que a paralisação será desencadeada caso o governo decida pelo retorno das aulas nas escolas em 2020. “A categoria está mobilizada e não aceitará qualquer imposição que coloque em risco à vida tanto dos estudantes e seus familiares, quanto dos profissionais que trabalham nas escolas”, disse.

Os educadores também deliberaram ações relacionadas com as condições de trabalho e ataques aos direitos dos servidores públicos. “Aprovamos um calendário de mobilizações para reforçar nossa resistência, especialmente neste momento complexo em que os governos têm promovido uma política de precarização da educação pública e de retirada de direitos da nossa categoria”, relatou a secretária de Finanças da APP-Sindicato, professora Walkiria Olegário Mazeto.

Assembleia online

É a primeira vez que a APP-Sindicato realiza uma assembleia através da internet. A direção estadual do Sindicato deliberou pela organização da atividade desta forma para assegurar a participação de todos com segurança, considerando as normas de prevenção contra a Covid-19, que impedem a aglomeração de pessoas.

“Realizar a assembleia de forma online foi um grande desafio, por conta da situação que estamos vivendo, sem poder fazer aglomerações. Apesar disso, assim como todas as lutas que enfrentamos, conseguimos organizar essa atividade com muito sucesso, garantindo a participação de toda a categoria no processo de construção e decisão da luta coletiva”, avaliou a secretária Geral da APP-Sindicato, professora Vanda do Pilar Santana.

Mais de 2,7 mil profissionais que trabalham na educação pública do Paraná se cadastraram para participar da atividade. Os debates e as votações aconteceram através da plataforma de videoconferência Zoom.

Economia

Apenas os integrantes da mesa de trabalho e uma equipe técnica reduzida se reuniram de forma presencial na sede estadual do Sindicato, em Curitiba, cumprindo regras de distanciamento social, uso de máscara de proteção facial e higienização com álcool em gel.

A assembleia teve início no sábado passado (5), mas precisou ser suspensa devido a problemas técnicos com a transmissão de vídeo pela internet. A decisão teve o objetivo de permitir ajustes técnicos para garantir a participação de todos os educadores.

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Greve geral contra a carestia de alimentos entra no radar da oposição ao governo Bolsonaro

Na última terça-feira (9), em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, um caminhão que tombou no km 289 da Rodovia Régis Bittencourt teve 7 toneladas de carne bovina saqueadas pela multidão.

A cena se repete em outros estados, no Rio, no Paraná, etc. Nem sempre interessa ao poder público divulgar esses eventos famélicos, por questões óbvias.

Se não fosse os olhos atentos dos brasileiros, com certeza, a velha mídia e os bolsonaristas disseminariam que esses fatos ocorreram na vizinha Venezuela de Nicolás Maduro. Mas, não. Os saques estão cada vez mais “naturalizados” diante do desemprego e da depressão econômica no Brasil.

O PT, principal partido de oposição, disse neste fim de semana que a redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300, somado ao desgoverno, à fome e às fake news criam um ambiente muito sinistro para o povo.

“Alta da cesta básica deixa milhões à beira da fome, mas governo Bolsonaro não identifica os verdadeiros problemas e desinformação se espalha. A cada dia uma nova mentira é inventada e propagada por seus exércitos de robôs”, alertam os petistas.

Durante alguns “apartes” virtuais que esta semana no discurso do ex-presidente Lula, proferido no 7 de Setembro, o ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) sugeriu uma campanha nacional contra o aumento de preços dos alimentos.

“Acredito que uma campanha assim, de fortíssimo apelo popular, poderia ser o ponto de partida para unificar o discurso e as ações das oposições contra o governo, que já descartou qualquer medida para impedir a alta de preços”, escreveu Requião. “Trezentos reais de ajuda emergencial ou de renda mínima… para comprar o quê? Se estávamos procurando por onde começar, que tal por aqui?”, apontou o emedebista.

Em seu portal na internet, o PT afirma que a alta nos preços da cesta básica no Brasil, com destaque para o arroz, vem acompanhada de um cenário de aumento do desemprego, elevado índice de pobreza e milhões de brasileiros encarando a fome.

“Não bastasse essa preocupante situação, a desinformação se espalha e o governo não identifica os verdadeiros problemas que levaram a isso”, afirma a página petista.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também destaca que o arroz está caro e pode subir ainda mais. A entidade representativa dos obreiros cita como fonte os próprios donos de supermercados.

“Nem patriotismo, nem lucro zero, como pediu Bolsonaro, que nada fez para segurar a disparada de preços. Supermercados dizem que tendência é de alta nos próximos 2 meses se consumo se mantiver no ritmo atual”, critica a CUT.

A Força Sindical, em seu site, igualmente menciona o preço do arroz e faz campanha pela manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do novo coronavírus. “Alta do preço dos alimentos dá início a movimento político para manter auxílio em R$ 600”, reverbera.

O governo do presidente Jair Bolsonaro, no começo deste mês, anunciou a redução pela metade da ajuda. Até dezembro, o auxílio emergencial será de apenas R$ 300 por mês, enquanto os preços dos alimentos disparam.

Na próxima quarta-feira (16), todas as centrais sindicais lançam da campanha “#600 pelo Brasil, bom para o cidadão, para a economia e para o Brasil”. A tendência é que o movimento desemboque numa greve geral contra a carestia.

Para quem não está familiarizado com o termo “carestia”, bastante usado nos anos 70, 80 e 90, segundo o dicionário Aurélio significa:

  1. Falta de bens essenciais à sobrevivência; escassez de um produto em específico.
  2. [Por Extensão] Ação de encarecer o preço do custo de vida.
  3. [Figurado] Natureza daquilo que é caro.
  4. P.metonímia. Preço alto; preço que se encontra fora da realidade; preço acima do valor comum.